O PSD, atual terceira força política do concelho, aposta na notoriedade do deputado Fernando Negrão, que foi responsável pelo melhor resultado de sempre dos sociais-democratas em Setúbal, quando obteve 25,43% dos votos nas autárquicas de 2005.

O PS também aposta num deputado, Fernando José, que, tal como Fernando Negrão, já foi vereador da Câmara de Setúbal.

Em anteriores atos eleitorais, apenas CDU (PCP/PEV), PS e PSD têm reunido os votos necessários para garantir a eleição de vereadores no município sadino. Porém, na corrida surgiram ainda como cabeças de lista Fernando Pinho (BE), Pedro Conceição (CDS-PP), Carlos Cardoso (IL), Paula Esteves da Costa (PAN), Luís Maurício (Chega), Carina Deus (RIR/PDR) e o ex-militante do PS Fidélio Guerreiro (Nós, Cidadãos!/PPM).

Vencer as eleições é também o objetivo da CDU, que governa o município com maioria absoluta e assume a aposta na continuidade com a candidatura do também ex-deputado do PEV André Martins, atual presidente da Assembleia Municipal, num concelho de grande importância em termos industriais, mas que continua a ser também um dos mais vulneráveis do país em tempo de crise.

Com uma zona industrial de relevo, com destaque para a presença de grandes empresas exportadoras como a Navigator, Lisnave e Secil, o concelho de Setúbal é também cada vez mais um destino turístico.

Nas últimas décadas, ganhou nova dimensão turística com uma aposta clara na recuperação de vários equipamentos, de que são exemplo o antigo Quartel do Onze, o Fórum Municipal Luísa Todi, o Mercado do Livramento ou, mais recentemente, o Convento de Jesus, monumento nacional onde foi assinado o Tratado de Tordesilhas.

A par da requalificação e valorização de diversos equipamentos sociais e culturais, a cidade beneficiou de alterações significativas nas vias rodoviárias, do embelezamento dos espaços públicos e da requalificação da frente ribeirinha.

Por outro lado, Setúbal continua a deparar-se ciclicamente com elevadas taxas de desemprego. Trata-se de uma realidade que não afeta apenas o concelho, mas toda a península de Setúbal, e que se reflete também no elevado número de pessoas que se veem obrigadas a recorrer frequentemente ao apoio de instituições.

A degradação progressiva na prestação de cuidados de saúde, face ao subdimensionamento dos postos de saúde e, principalmente, do Hospital de São Bernardo e do respetivo serviço de urgência, que muitas vezes reencaminha os doentes para outras unidades hospitalares, por falta de recursos humanos para consultas de oftalmologia, otorrinolaringologia e outras especialidades médicas, é outro problema grave.

O Governo já anunciou a construção de três novos postos de saúde em Setúbal e inscreveu uma verba de 17,5 milhões de euros no Orçamento do Estado de 2021 para a ampliação do Hospital de São Bernardo, mas só um dos novos postos de saúde, em Azeitão, está prestes a arrancar com as obras.

Com uma área global de 230,3 quilómetros quadrados (dados Pordata de 2019) e uma população residente de 123.684 habitantes (segundo os resultados preliminares dos Censos de 2021) distribuídos pelas cinco freguesias, o concelho é um dos nove municípios da península a que dá o nome e parte integrante da Área Metropolitana de Lisboa.

De acordo com dados da plataforma Eyedata relativos a 2020, 22,6% da população de Setúbal tinha 65 ou mais anos (a média nacional era de 22,29%) e havia no concelho 5,3 médicos por mil habitantes, pouco menos do que a média nacional (5,6).

O rendimento médio mensal dos trabalhadores por conta de outrem era, em 2019, de 1.209 euros, quase igual à média nacional (cerca de 1.207 euros).

A Câmara de Setúbal é governada por uma maioria absoluta da CDU, com sete eleitos liderados por Maria das Dores Meira, o PS tem três vereadores e o PSD tem um.

As eleições autárquicas estão marcadas para o próximo dia 26.

*Por Gualter Ribeiro, da agência Lusa