Questionado à margem de uma ação de campanha em Setúbal, Rio considerou que o importante “é que o eleitorado perceba que o primeiro-ministro usa a sua função para prometer em cada canto e em cada esquina milhões aqui e milhões acolá”.
“Não vale a pena fazer a queixa, está feita, a CNE na prática já disse que temos razão, agora o que quero é que os eleitores castiguem e digam aos políticos que não vale a pena andarem a prometer o que não vão cumprir”, defendeu, considerando que “o expoente máximo” desta forma de fazer política foi o anúncio da nova maternidade para Coimbra.
Rio admitiu que esta atitude do PS e do Governo pode indicar algum “desespero de causa”: “Talvez tenham indicadores que isto não vai correr exatamente como pretendiam”.
“Se os portugueses querem ser consequentes com as críticas aos políticos que prometem e não cumprem, aqui têm uma oportunidade de explicar ao dr. António Costa que, sendo um político tão experimentado, ainda não aprendeu essa parte: não se pode, ou melhor, não se deve enganar assim as pessoas”, apelou.
O semanário Expresso contactou a CNE sobre este tema, que tem dominado a campanha autárquica, e fonte oficial admitiu que esta questão se “enquadra no âmbito dos poderes de escrutínio da Comissão”, mas ressalva que este organismo só pode agir mediante a receção de queixas.
“Independentemente do sentido que viesse a ter uma decisão”, explica ao Expresso João Tiago Machado, porta-voz da CNE, este caso “poderia enquadrar-se no âmbito dos deveres de neutralidade e imparcialidade dos titulares de cargos públicos”. Ou seja, os membros do Governo devem abster-se de usar o seu cargo para beneficiar candidatos.
Em Setúbal, com o candidato à Câmara Fernando Negrão, Rio fez a primeira de três ‘arruadas’ do dia, seguindo-se paragens em Sintra e em Leiria.
Com mais de cem pessoas à volta, a caravana visitou lojas de comércio local de uma rua estreita do centro da cidade e, numa esplanada, o presidente do PSD recebeu um voto de confiança.
“Espero grandes coisas de si, não me desiluda”, pediu uma senhora.
Mais à frente, e pela terceira vez nesta campanha, Rio teve oportunidade de praticar o seu alemão e, numa loja de chocolates, tentou convencer uma potencial votante na Afd a mudar o seu voto no próximo dia 26 de setembro, apesar de considerar este partido de extrema-direita “mais civilizado” do que os de cá.
A música acompanhou a comitiva, com gritos, de “PSD, PSD, PSD”, mas com o hino da campanha do deputado e vice da Assembleia da República.
“Fernando Negrão é um presidente de competência e união, ele tem alma, tem coração, vota em Fernando Negrão”, ouvia-se a partir de uma coluna portátil transportada por uma das apoiantes.
No próximo dia 26, Negrão terá como adversários André Martins (CDU), Fernando José (PS), Pedro Conceição (CDS-PP), Fernando Pinho (BE), Paula Esteves da Costa (PAN), Carlos Cardoso (IL), Luís Maurício (Chega), Carina de Deus (RIR/PDR) e Fidélio Guerreiro (Nós, Cidadãos!/PPM).
A CDU, coligação que junta PCP e PEV, governa com um total de sete eleitos, liderados por Maria das Dores Meira, que está prestes a terminar o terceiro e último mandato em Setúbal, e que este ano é cabeça de lista da CDU à Câmara de Almada.
O PS é atualmente a segunda força política do concelho de Setúbal, com três vereadores, e o PSD tem um.
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