De acordo com a empresa, o planeamento do navio, que deverá chegar a Setúbal cerca das 06:00 de quinta-feira e que faz parte das escalas regulares para o porto de Emden, na Alemanha, "teve por base a garantia de uma solução para o embarque de veículos dada pelo Governo e pelo operador logístico".
"A única alternativa a Setúbal é Setúbal. Outras soluções encontradas não garantem o escoamento da totalidade da produção diária", reconhece a Autoeuropa em comunicado enviado à Lusa, adiantando que fez "diversos contactos com o Governo e com o operador logístico responsável pela operação no porto de Setúbal por forma a encontrar uma solução que passe pelo diálogo como via de resolução para o conflito".
No comunicado, a Volkswagen Autoeuropa lamenta ainda que, "desde meados de agosto, aquando da marcação da greve às horas extraordinárias, os intervenientes neste processo não tivessem sido capazes de encontrar uma solução para a precariedade no porto de Setúbal".
A Autoeuropa está a ser fortemente penalizada devido à paralisação da atividade portuária, tendo já cancelado um total de sete navios de transporte de veículos produzidos na fábrica da Volkswagen em Palmela.
Os cerca de 90 estivadores contratados ao turno pela empresa de trabalho portuário Operestiva, alguns desde há mais de 20 anos, estão parados desde o dia 5 de novembro para exigirem um contrato coletivo de trabalho.
A Operestiva propôs, entretanto, a integração de 30 dos 90 estivadores eventuais, mas só dois assinaram os contratos individuais que lhes foram propostos.
A grande maioria dos estivadores eventuais exige um contrato coletivo, previamente negociado entre os operadores portuários e o Sindicato dos Estivadores e Atividade Logística (SEAL).
O SEAL já se disponibilizou para voltar a reunir com os operadores portuários com o objetivo de negociar a contratação coletiva, mas, pelo menos até hoje, ainda não tinha recebido nenhuma resposta por parte das empresas portuárias.
Na segunda-feira, a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, enviou uma carta ao IMT - Instituto da Mobilidade e Transportes e à APSS - Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, na qual pedia a correção das disfunções provocadas pelo excesso de trabalhadores precários, o que parecia indiciar que a solução do problema iria passar pela via do diálogo.
Contudo, as empresas portuárias recusam-se a dialogar enquanto o sindicato não levantar a greve ao trabalho extraordinário, que se deverá prolongar até janeiro próximo.
O SEAL alega que esta greve nada tem a ver com o problema dos trabalhadores eventuais do porto de Setúbal, mas com a "discriminação" de trabalhadores filiados no sindicato que trabalham nos portos do país.
De acordo com alguns estivadores do porto de Setúbal contactados pela agência Lusa, durante o dia de hoje já se verificaram "movimentações das forças policiais nas imediações dos acessos ao terminal de embarque de automóveis, sinal de que poderá estar a ser preparado um embarque de viaturas da Volkswagen com pessoal estranho ao porto de Setúbal".
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