João Branco reagia assim, em declarações à agência Lusa, às conclusões de um relatório da Federação Europeia dos Transportes e Ambiente que indica que os automóveis gastam em média mais 42% de combustível do que é anunciado pelos fabricantes, nomeadamente a Mercedes Benz.

“Vamos pedir às autoridades europeias, nomeadamente a Comissão Europeia (CE), e às autoridades nacionais de homologação de veículos para investigarem este assunto de forma séria e alargada a todos os fabricantes de automóveis”, adiantou.

O presidente da Quercus disse que pretende saber se os fabricantes “estão a usar dispositivos que manipulam os resultados de laboratório ou se os testes de laboratório estão a ser corretamente elaborados e refletem depois o que vai acontecer no consumo”.

“É preciso saber o que se está a passar”, defendeu.

João Branco explicou que o estudo já é feito há três anos e compara os consumos dos automóveis em situações reais, em trânsito, com o consumo que é anunciado pelos fabricantes e obtido através de testes em laboratório.

“O que se passa é que se verificou que os carros em situações reais, no trânsito, consomem muito mais do que aquilo que é anunciado pelos fabricantes e que é medido por eles. Além disso, essa diferença está a aumentar. Nos últimos três anos estes valores têm vindo a subir e este ano atingiu-se valores superiores aos anteriores”, sublinhou.

O responsável frisou que em média a diferença de valores é de 42%, mas há marcas que ultrapassam os 50%, como por exemplo a Mercedes, com 54%, e alguns modelos chegam aos 56%.

“O que isto quer dizer é que quando um carro é anunciado como estando a gastar seis litros aos 100 quilómetros, na realidade está a gastar nove litros aos 100. Portanto, está a haver uma despesa, uma ignição e poluição que o cidadão julgava que não ia acontecer”, contou.

No entender do presidente da Quercus a diferença do consumo “é inexplicável”.

“Embora não havendo provas, se olharmos para os valores ficam as suspeitas de que alguma coisa não está certa, por isso, tem de ser investigado pelas autoridades competentes”, concluiu.

O estudo “Mind the Gap”, da Federação Europeia dos Transportes e Ambiente, organização que integra a associação ambientalista portuguesa Quercus, conclui que a diferença entre o consumo real e o consumo anunciado pelos fabricantes é cada vez maior.

“A diferença entre os resultados (sobre consumo e emissões de CO2) dos testes de laboratório oficiais e o desempenho real dos carros tem vindo a crescer: aumentou de nove por cento em 2001 para 28 por cento em 2012 e 42 por cento em 2015”, conclui o estudo.