A notícia foi avançada esta quinta-feira pelo The Washington Post.
Entre os ossos partidos de Epstein estava o osso hióide, que nos homens fica junto à maçã de Adão. Este tipo de lesão pode ocorrer em pessoas que se suicidam por enforcamento, sobretudo se forem mais velhas, mas são mais comuns em vítimas de homicídio por estrangulamento, escreve o jornal, citando especialistas forenses.
O milionário norte-americano acusado de criar uma rede para abusar de menores nas suas mansões foi encontrado morto na prisão onde estava detido desde 6 de julho. Num primeiro momento, o procurador-geral William P. Barr descreveu a morte como um "aparente suicídio".
Questionada sobre as lesões, a médica forense Barbara Sampson, que terminou a autopsia no passado domingo, disse em comunicado que nenhum fator isolado numa autopsia pode dar uma resposta conclusiva para o que aconteceu.
No final de julho, o multimilionário já tinha sido encontrado deitado no chão da sua cela com ferimentos no pescoço. Na altura, ficou por esclarecer se se as feridas foram autoinfligidas ou provocadas por terceiros.
Epstein estava acusado de abuso sexual de dezenas de crianças no início dos anos 2000. De acordo com a procuradoria do distrito sul de Manhattan, Epstein criou, há mais de uma década, uma rede para abusar de dezenas de meninas na sua mansão de Nova Iorque, e numa outra situada na Florida.
O magnata já tinha enfrentado acusações similares na Florida, mas em 2008 alcançou um acordo extraoficial com a procuradoria para o fim da investigação, tendo cumprido 13 meses de prisão e alcançado um acordo económico com as vítimas.
O acordo foi supervisionado pelo então procurador de Miami, Alexander Acosta, que foi posteriormente nomeado secretário do Trabalho pelo Presidente dos EUA Donald Trump, e que foi forçado a renunciar do cargo devido às críticas emitidas na sequência da nova detenção de Epstein.
O julgamento de Epstein deveria começar entre junho e setembro de 2020. A procuradoria defendeu, no final do mês de julho, que o processo deveria iniciar-se rapidamente devido ao interesse do público pelo caso.
Entretanto, já depois da sua morte, dois secretários de Estado franceses pediram uma investigação em França a possíveis crimes do milionário.
“A investigação norte-americana revelou ligações a França. Parece-nos assim fundamental para as vítimas que seja aberta uma investigação em França a fim de que tudo seja esclarecido”, afirmaram, em comunicado, os secretários de Estado para Igualdade, Marlène Schiappa, e da Solidariedade e Saúde, Adrien Taquet.
O milionário tinha um apartamento em Paris e acabava de passar várias semanas no país, segundo a organização não-governamental “Innocence en Danger” (Inocência em perigo), que já em meados de julho tinha pedido uma investigação em França.
“Tendo em conta o seu perfil, é legítimo perguntar se há vítimas menores” em França, considerou a organização, destacando que, na investigação nos Estados Unidos, há referência “a várias pessoas de nacionalidade francesa”.
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