"Recentemente, na anterior legislatura, houve um desinvestimento enorme nas infraestruturas e isso tem obviamente impacto na sinistralidade", afirmou Rui Soares Ribeiro à agência Lusa, no primeiro dia do II Simpósio Ibérico de Segurança Rodoviária.
O responsável defende que "não se pode deixar de investir" e salienta o "investimento em infraestruturas que está ser cumprido", em particular "num conjunto de áreas de sinistralidade mais elevada”.
Recordando que até ao final de fevereiro houve mais uma vítima mortal do que no período homólogo de 2018, o presidente da ANSR considera que a análise não deve olhar apenas para números.
"São 83 vítimas mortais a mais do que devíamos ter. Mas se olharmos para o ano anterior [período homólogo de 2017] temos menos cinco vítimas mortais. Mas não devemos reduzir a nossa análise a números, por mais dramáticos que sejam, mas sim a todo o trabalho que tem sido feito".
Para Rui Soares Ribeiro, a questão da sinistralidade é "um problema muito complexo que não se resolve com multas".
"É todo um ecossistema que tem de ser abordado de uma maneira holística e é isso que estamos a fazer", disse o responsável da autoridade nacional, que aposta no Plano Estratégico Nacional Rodoviário (PENSE 2020) para "levar a bom porto uma estratégia que acredita ser um ponto de viragem na abordagem da sinistralidade em Portugal".
Esse plano, que envolve ANSR, GNR, PSP, Infraestruturas de Portugal, Instituto da Mobilidade e dos Transportes e Instituto de Medicina Legal, visa "diminuir os números da sinistralidade até 2020".
"Estamos a trabalhar para que possamos ser mais otimistas em 2020", disse.
Na abertura do II Simpósio Ibérico de Segurança Rodoviária, que decorre até 08 de março na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Leiria, o presidente da ANSR considerou a sinistralidade rodoviária "um problema de saúde pública a nível nacional e mundial", lembrando que o número de mortos "continua a subir, no mundo, de uma forma preocupante".
Em 2016, notou, morreram 1,35 milhões de pessoas em acidentes viários, sendo esta "a primeira causa de morte dos jovens entre os 15 e 25 anos".
Rui Soares Ribeiro elogiou, contudo, o "progresso enorme" de Portugal, que passou de 2.100 mortos em 1996 para 445 em 2016.
"São 445 vítimas a mais, mas não deixa de representar 20%", assumindo que, apesar do "esforço notável" de Portugal, após essa redução significativa verifica-se uma estagnação nos números.
"Chegámos a um nível em que alguma coisa tem de ser feita para passarmos para um nível muito mais baixo. Tem de haver uma rutura para que deixemos de estar neste 'plateau', para que haja novamente uma queda bastante grande no número de vítimas", concluiu.
Comentários