A delegação do Governo central nesta região espanhola confirmou hoje que a totalidade das 830 pessoas que ainda se encontravam detidas na sexta-feira no cais de Arguineguin, na costa sudoeste da ilha de Gran Canaria, tinham sido transferidas até domingo à noite para outras instalações, e as autoridades pretendem desmantelar o centro de acolhimento a partir de hoje.
Mesmo assim, algumas tendas vão permanecer no cais de Arguineguín e serão utilizadas como local de primeiros socorros e de rastreio sanitário para aqueles que a partir de agora desembarcam dos navios de salvamento, segundo fontes citadas pela agência de notícias espanhola EFE.
O acampamento montado há pouco mais de três meses chegou a ter cerca de 2.600 pessoas, que eram conduzidas para o local em barcos das autoridades de salvamento marítimo, a dormir e a comer em instalações improvisadas, vigiadas pela polícia.
As instalações foram muito criticadas pelas organizações de direitos humanos e pelo provedor da justiça espanhol pelas suas más condições, com muitos migrantes a dormirem apenas com um cobertor e sem acesso a duches nem a um contacto adequado a consultas jurídicas, tendo alguns deles sido retidos por tempo superior aos três dias que a lei estipula.
Todos os migrantes foram agora deslocados para instalações militares também improvisadas, mas com melhores infraestruturas, assim como para hotéis em várias ilhas do arquipélago, informou o delegado do governo espanhol na região.
A coligação de esquerda liderada pelo primeiro-ministro Pedro Sánchez está a tentar retomar o repatriamento de imigrantes ilegais para Marrocos, país que tem as suas costas a uma centena de quilómetros e de onde chegaram a maioria dos migrantes, e também outros países da África Ocidental, ao mesmo tempo que transfere para o continente espanhol apenas alguns deles, na sua maioria mulheres, menores e um número reduzido de requerentes de asilo.
Mais de 20.000 pessoas em busca de uma vida melhor chegaram este ano às Canárias, contra 1.500 no mesmo período de 2019, tendo, segundo a Organização Internacional para as Migrações das Nações Unidas.
Pelo menos 500 pessoas terão morrido ao tentar alcançar as ilhas que pretendem utilizar como um trampolim para alcançar os países europeus.
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