A interdição, sobre a qual o Governo não fez qualquer anúncio público oficial até ao momento, está detalhada num despacho assinado pelo “chefe do posto do aeroporto”, o inspetor de Polícia Ernesto Maia e dirigida a todos os serviços.
O despacho, a que a Lusa teve acesso, em papel timbrado da Direção Geral do Serviço de Migração do Ministério do Interior, está datado de hoje e é assinado pelo “chefe do posto do aeroporto”, inspetor Ernesto Maia.
“Relativamente ao vírus que ocorre na província chinesa de Wuhan, e com base na orientação do ministro ao Diretor Geral do Serviço de Migração e da orientação verbal ao chefe do posto do Aeroporto de Díli, a partir de agora não está autorizada a entrada de cidadãos com passaporte da China em Timor-Leste”, refere o texto.
O despacho pede que a informação seja partilhada com todas as agências no aeroporto a quem pede a colaboração para a sua implementação.
Apesar de várias tentativas não foi possível à Lusa contactar nem com o ministro interino do Interior, Filomeno Paixão, nem com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Dionísio Babo, para comentar a decisão.
Hoje, a organização não-governamental timorense Fundação Mahein tinha manifestado preocupação por eventuais limitações a cidadãos chineses, devendo qualquer restrição ser aplicada “a todos os viajantes da China para Timor-Leste, independentemente de etnia ou cidadania”.
Até ao momento, a única pessoa que ficou em quarentena “não é um cidadão chinês”, mas um soldado das Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), que esteve em formação na cidade de Wuhan, centro do surto do novo coronavírus.
Todos os países de onde há ligações aéreas diretas para Timor-Leste — Singapura, Austrália e Indonésia — têm em vigor restrições que impedem a entrada de cidadãos estrangeiros que tenham estado na China nos últimos 14 dias.
No caso de Timor-Leste o despacho refere apenas a nacionalidade do passageiro e não a sua origem ou se esteve ou não na China recentemente.
A China elevou hoje para 362 mortos e mais de 17 mil infetados o balanço do surto de pneumonia provocado por um novo coronavírus (2019-nCoV) detetado em dezembro passado, em Wuhan, capital da província de Hubei (centro).
Desde dezembro já surgiram 17.205 casos em toda a China da doença que levou a Organização Mundial de Saúde (OMS) a decretar uma emergência mundial e que já se espalhou a 20 países.
Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há mais casos de infeção confirmados em 24 países.
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