Segundo as conclusões de um relatório a uma auditoria externa realizada a pedido do Ministério da Saúde, a que a agência Lusa teve acesso, a avaliação das capacidades de formação de médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) “tem sido subjetiva e pouco documentada”.

A atribuição de vagas para o internato tem todos os anos por base a definição da idoneidade e capacidade de formação dos serviços de saúde. As vagas são abertas pelo Ministério da Saúde, mas com base na identificação das capacidades por parte da Ordem dos Médicos.

A auditoria aponta falhas neste processo de avaliação da idoneidade e capacidades formativas, indicando que falta uniformização e documentação do processo, o que aumenta a ineficiência, além de a avaliação ser subjetiva.

Instado pela Lusa a comentar o resultado da auditoria, o Bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, considerou que subjetivas são as conclusões do relatório, uma vez que “não esclarece quais são as falhas que existem".

“Eles dizem que há alguma subjetividade, mas eu tenho de perceber quais são as falhas e em que especialidades se detetaram as falhas. Tem de se dizer quais são os critérios de idoneidade que estão mal e o que está mal nos programas de formação. Não se pode aqui mandar aqui uma boquita para o ar”, apontou.

No entanto, o bastonário adiantou que, na segunda-feira, irá ocorrer uma reunião no ministério da Saúde, com a presença da ministra, Marta Temido, para apresentação e discussão do relatório da auditoria.

Miguel Guimarães comentou, igualmente, outra das conclusões da auditoria que apontam que o número de jovens médicos sem acesso a formação especializada vai aumentar, porque nas atuais condições das unidades do SNS será difícil manter o crescimento das vagas para especialização.

“Aquilo que os auditores concluíram, nós já tínhamos concluído. É difícil arranjar mais vagas para a formação médica enquanto tivermos médicos a saírem todos os dias do SNS. Seja médicos mais novos ou com mais experiência, precisamos de mais gente e de mais formadores”, defendeu.

O bastonário comentou também uma notícia do jornal Expresso que dá hoje conta de que a fuga de médicos para o estrangeiro “é a mais alta dos últimos quatro anos”, referindo que os clínicos procuram “melhores condições.

De acordo com o jornal, o ano deverá terminar com quase 400 pedidos para exercer no estrangeiro, “pouco menos do que o recorde de 475 registado em 2015″.

“É um sinal dos tempos e que mostram que as coisas não vão bem no SNS, mas as pessoas podem circular livremente”, concluiu.