Numa análise publicada hoje, a associação ambientalista referiu que a concentração média anual de dióxido de azoto (NO2) na Avenida da Liberdade passou de 54,6 microgramas por metro cúbico (µg/m³) em 2019 para 39,6 µg/m³ em 2020, cercando-se do valor limite anual de 40 µg/m³.
Segundo a Zero, aquela que é uma das principais avenidas da cidade Lisboa “habitualmente apresenta as concentrações mais elevadas e acima do valor-limite anual”.
“Depois de vários recordes associados a uma excelente qualidade do ar, aquando das medidas mais restritivas de confinamento, onde a redução da concentração de dióxido de azoto na Avenida da Liberdade atingiu 57% (entre 13 de março e 03 de maio) por comparação com a média de 2018-2019 para o mesmo período, seria de esperar que a média anual de reduzisse significativamente, o que viria a acontecer, ficando à beira, mas abaixo do valor-limite”, realçou a organização.
A Zero salientou ainda que, entre setembro e dezembro de 2020, os valores médios mensais foram “sempre superiores ao valor-limite anual”, apesar de representarem uma redução global de 29% em relação ao mesmo período de 2018/19.
“Foi efetivamente o período de maior confinamento que permitiu o cumprimento da legislação, não estando assim os problemas estruturais de poluição pelo tráfego rodoviário resolvido”, ressalvou.
Em Lisboa, foi analisada a concentração de dióxido de azoto em três estações de monitorização em zonas de tráfego (Avenida da Liberdade, Entrecampos e Santa Cruz de Benfica) e nas estações de fundo urbano (Beato, Olivais e Restelo).
Os dados foram recolhidos pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo e disponibilizados através do sítio da Internet QualAr (https://qualar.apambiente.pt/).
“Da análise sobressai que todas as estações de monitorização cumpriram pela primeira vez os valores-limite deste poluente, em vigor desde 2010, inclusive”, destacou a Zero, acrescentando que também os valores-limite das partículas inaláveis (PM10) “foram cumpridos em todas as estações de monitorização”.
No comunicado, a Zero fez ainda referência aos valores-limite de dióxido de azoto no Porto e em Braga, que apresentaram resultados superiores ao limite anual de 40 µg/m³.
“No caso da estação no Porto, a média anual foi de 66 µg/m³, tendo-se igualmente ultrapassado o número máximo de 18 horas durante o ano com concentrações superiores a 200 µg/m³. Em Braga, o valor da média anual foi de 42 µg/m³”, apontou a associação, explicando que vê a eficiência de recolha de dados pelas estações “com bastante preocupação”.
A Zero analisou duas estações de monitorização em zonas de tráfego no Porto (Praça Francisco Sá Carneiro) e em Braga (Avenida Frei Bartolomeu dos Mártires).
“Uma situação que vemos com bastante preocupação é a eficiência de recolha de dados pelas estações. A legislação exige 90% de eficiência. Na estação da Praça Francisco Sá Carneiro, no Porto, a eficiência foi de 72% e em Braga, na Avenida Frei Bartolomeu dos Mártires, foi de 61%”, indicou a associação ambientalista.
A Zero exigiu ainda medidas por parte das câmaras municipais, no sentido de “assegurar a salvaguarda da saúde pública” de quem habita e trabalha nas cidades.
No caso de Lisboa, a associação apelou “para a capacidade de se implementar de forma progressiva um conjunto de medidas que consigam no futuro garantir o cumprimento da legislação e melhorem a qualidade de vida numa das áreas mais nobres da cidade”.
“A par da construção de ciclovias que tem vindo a ter lugar, é absolutamente crucial que a Câmara Municipal de Lisboa aumente o nível de ambição das Zonas de Emissões Reduzidas e crie a Zona de Emissões Reduzidas (Avenida-Baixa-Chiado) que implica uma forte redução de tráfego e emissões”, esclareceu.
Em relação as cidades do Porto e de Braga, a organização considerou ser “fundamental reduzir e/ou regular o tráfego rodoviário nas zonas afetadas por elevados níveis de poluição, limitando a passagem de veículos mais antigos ou avaliando outras medidas que permitam reduzir as concentrações”.
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