“Temos uma previsão que ele esteja operacional já no dia 15 de janeiro [quarta-feira]. Pode haver uma ligeira derrapagem [devido a] fornecimentos de peças, mas a última indicação que nós temos é que esteja pronto no dia 15 de janeiro”, disse Rui Coutinho.

O presidente da SATA, que falava aos jornalistas em Ponta Delgada, à margem da apresentação do plano de sustentabilidade financeira da empresa com 40 medidas para aplicar ao longo de 2025, referiu que o incidente condicionou a operação da companhia aérea açoriana no início do ano.

“A aeronave faz falta”, admitiu, referindo que estando inoperacional, a empresa teve necessidade de alugar aeronaves com tripulação (ACMI).

O Airbus A320 da SATA colidiu no dia 02 de janeiro com um “bando significativo” de gaivotas ('bird strike') durante uma descolagem em Ponta Delgada, obrigando a aeronave a declarar emergência e a regressar ao aeroporto, reportando problemas nos dois motores.

Rui Coutinho confirmou hoje que a colisão afetou ambos os motores - “num afetou quatro pás e no outro oito” -, tendo também causado “pequenas amolgadelas” na estrutura e um “bordo de ataque” de uma asa teve que ser substituído.

Fontes aeronáuticas adiantaram à agência Lusa que o A320, com destino a Lisboa, descolou às 13:40 do Aeroporto João Paulo II, mas “imediatamente após a descolagem declarou emergência devido ao embate num bando significativo de gaivotas”, tendo a aeronave prosseguido para a aterragem, o que aconteceu, em segurança, 18 minutos depois, “reportando problemas nos dois motores”.

Questionado pela Lusa, o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) disse que foi notificado do “incidente pelo gestor aeroportuário [ANA], pelo operador envolvido [SATA] e pela NAV Portugal”, empresa responsável pela gestão do tráfego aéreo.

O organismo “iniciou um processo de recolha de informações junto do gestor aeroportuário relativamente às medidas implementadas e em aplicação no dia, previstas nos regulamentos” que contemplam a redução do risco de ‘wildlife strike’.

As mesmas fontes da aviação alertaram também para o facto de os controladores aéreos não conseguirem visualizar toda a pista de Ponta Delgada, pois à frente da torre de controlo foi construído o quartel dos bombeiros que prestam serviço no aeroporto.

Questionado sobre esta situação, o GPIAAF sublinhou que “o processo de deteção, controlo e mitigação de riscos de vida selvagem nos aeródromos é assegurado por várias fontes de informação em que o ATC [controlador aéreo] é uma parte importante”.

A Lusa questionou a ANA, gestora aeroportuária, e a Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC), regulador do setor, sobre o plano de segurança, o quartel de bombeiros construído em frente à torre de controlo e que medidas estão implementadas atualmente no Aeroporto de Ponta Delgada para mitigar o risco de ‘bird strikes’.

A ANA confirmou que, pelas 13:46 de 02 de janeiro, no Aeroporto de Ponta Delgada, “ocorreu uma colisão de um avião com gaivotas durante a descolagem de um voo da SATA com destino a Lisboa”, acrescentando que “dispõe dos meios recomendados para a gestão da avifauna nos seus aeroportos”.

Já a ANAC, referiu que “a situação está a ser analisada com base nos elementos disponíveis que poderão levar à tomada de ações em conformidade”, sublinhando que, de momento, “não pode adiantar muito mais”.