O primeiro alerta ‘mais sério’, veio através da Europol, Agência da União Europeia para a Cooperação Policial, que no final de 2023 relatou que a falsificação de azeite era uma "prática comum”, isto após terem sido apreendidos quase 300 mil litros de azeite falsificado em operações coordenadas em Itália e Espanha.

“Os consumidores são simplesmente enganados, e quando pensam que estão a comprar “azeite” mais barato, estão antes a comprar um óleo muito mais caro que o normal. Não é um fenómeno recente, mas tem ganho maior visibilidade por causa das ações da ASAE, que felizmente começou a controlar mais eficazmente este tipo de economia paralela, que tanto lesa o setor, mas também e principalmente os consumidores”, começa por dizer a Casa do Azeite ao SAPO24, referindo os locais onde, por norma, este tipo de ‘azeites’ são vendidos.

"Por norma, é óleo de sementes a que são adicionados corantes, para ficar com a cor verde. Pode também ter uma pequena percentagem de azeite"

"A falsificação de azeite está muito ligada a circuitos de comercialização muito específicos, e sujeitos a muito pouco controlo, como sejam as vendas em feiras e mercados, na beira da estrada, ou mais recentemente, as vendas através da internet…”, salientam.

Então e como é feita a dita falsificação deste óleo vegetal?

“Por norma, é óleo de sementes a que são adicionados corantes, para ficar com a cor verde. Pode também ter uma pequena percentagem de azeite, para ter algum sabor, mas normalmente são azeites de qualidade muito inferior”, resumem.

"Caso o consumidor arrisque comprar em feiras, mercados, internet, etc. Deve desconfiar se o preço for muito baixo em relação ao preço normal do mercado"

E como pode o cidadão salvaguardar-se de não comprar estes azeites falsificados?

“Se comprar azeite nas lojas normais, na distribuição, estará protegido em relação a essas práticas fraudulentas. As cadeias de distribuição fazem uma rigorosa seleção dos seus fornecedores e as marcas presentes no mercado, devidamente embaladas e rotuladas, são todas sujeitas a um rigoroso controlo de qualidade. Há várias categorias comerciais de azeite à venda, mas são todas permitidas por lei e respondem aos vários requisitos legais de cada categoria comercial: azeite virgem extra, azeite virgem ou azeite – composto por azeite refinado e por azeite virgem”, dizem os especialistas.

Quinzena
créditos: Lusa

Caso o produto seja comprado em outros locais, a Casa do Azeite deixa alguns alertas.

“Caso o consumidor arrisque comprar em feiras, mercados, internet, etc. Deve desconfiar se o preço for muito baixo em relação ao preço normal do mercado. Deve igualmente verificar muito bem o rótulo, ver a lista de ingredientes e verificar se não tem lá outros óleos, porque se tiver, trata-se de uma prática proibida. Em Portugal é proibida a obtenção de misturas de azeite com outros óleos. E caso desconfie que foi enganado, poderá sempre enviar uma amostra para um laboratório, com uma análise simples é muito fácil comprovar a mistura com outros óleos”, concluem.

Para se ter uma ideia do crescimento deste fenómeno, em 2022 foram abertos apenas quatro processos-crime por situações deste género, ao passo que no ano passado foram instaurados 20, tendo sido apreendido cerca de 500 mil euros em valor do óleo alimentar e do azeite.

De acordo com os especialistas, o custo de produção de um garrafão de cinco litros de azeite falsificado andará na casa dos sete euros, mas são depois vendidos entre os 15 e 30 euros.

A ASAE, entretanto, já revelou estar a investigar redes que produzem e comercializam este tipo de produtos na Internet, nas feiras, mas também em mercearias.