Ana Rita Cavaco reuniu-se hoje no hospital de Abrantes com o presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT, que integra esta unidade e ainda as de Tomar e de Torres Novas), Carlos Andrade Costa, a enfermeira diretora, Ana Paula Eusébio, e o presidente do conselho diretivo da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, Luís Pisco.
A bastonária disse à agência Lusa que a reunião aconteceu em Abrantes porque a situação na Urgência deste hospital “é muito difícil” pela falta de enfermeiros, “com uma grande insegurança na prestação de cuidados”, situação que teve oportunidade de confirmar, tanto neste serviço, onde encontrou apenas um enfermeiro para três salas e ainda para os doentes que estavam no corredor, como em Cardiologia e em Medicina 2.
Ana Rita Cavaco sublinhou o facto de se ter iniciado hoje nas Urgências de Abrantes a integração de 16 dos 19 enfermeiros que o CHMT foi autorizado a contratar dos 58 solicitados para cobrir a passagem dos horários de trabalho para as 35 horas semanais, o que, afirmou, revela o grau de “carência” em que se encontrava este serviço, onde existem três salas de observação cirúrgica para doentes em pós operatório tardio (acima das 12 horas).
Na Cardiologia, onde se encontram dez doentes monitorizados, só existe um enfermeiro à noite, “uma situação também de rácios muito inseguros”, disse, adiantando que na Medicina 2 metade da equipa está de baixa, o que revela o “ponto de exaustão” em que se encontram os enfermeiros.
“À semelhança do que existe no resto do país, este hospital aguarda há vários meses autorizações de 40 substituições de enfermeiros que estão de licença prolongada e é impossível gerir diariamente os serviços sem ter estas autorizações”, declarou.
Segundo os números facultados pela administração do CHMT, 400 enfermeiros têm contrato individual de trabalho, o que “corresponde a mais de 50% do número total de enfermeiros” deste centro hospitalar.
Com a passagem, no início do mês, destes profissionais ao horário de 35 horas semanais, o CHMT necessita de mais 58 enfermeiros, disse.
Ana Rita Cavaco afirmou que a administração teve que tomar uma medida “acertada, porque protege a segurança de todos”, que foi “encerrar pontualmente camas no serviço de Medicina” e o serviço de Ortopedia, bem como diminuir “a pressão" cirúrgica, “sendo que aqui não é tanto programada mas mais de urgência e de urgência não podem mesmo parar”.
Além destes 58 enfermeiros, a administração pediu 40 substituições para suprir as ausências prolongadas, “fora o resto que já tinham de carência estrutural de falta de enfermeiros”, salientou.
Segundo a bastonária, a situação na neonatologia entretanto resolveu-se, porque entrou um enfermeiro, outro está para entrar e duas profissionais que estavam de baixa regressaram.
“É um hospital que está permanentemente com as equipas nos mínimos e abaixo dos mínimos, em número de enfermeiros”, afirmou, salientando a particularidade de Abrantes estar “suficientemente perto de Lisboa”, mas se situar no interior, sem “grande resposta” nas proximidades e sendo ele próprio resposta a concelhos dos distritos vizinhos de Castelo Branco e de Portalegre.
Para a bastonária dos enfermeiros, é urgente que, “de uma vez por todas”, as substituições deixem de estar dependentes também do Ministério das Finanças, que só está a austorizar substituições "depois de cinco meses de ausências", quando o decreto-lei estabelecia que acontecessem num espaço de 72 horas.
Ana Rita Cavaco adiantou que a taxa média de absentismo no hospital de Abrantes é de 15%, encontrando-se acima da média nacional (12%).
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