“A situação que foi levantada pelo presidente dos administradores hospitalares é uma situação que não faz sentido”, considerou o bastonário no final de uma reunião com os diretores clínicos de cinco hospitais onde decorre a greve.
No final do encontro, Miguel Guimarães quis “tranquilizar” os doentes com “situações mais complexas”, afirmando que “tudo está a ser feito pelos hospitais, pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), para que as suas situações sejam resolvidas o mais rapidamente possível, dentro daquilo que são os tempos clinicamente aceitáveis”.
“Os doentes mais graves, é a informação que tenho, é que ou já foram tratados ou estão a ser tratados, isto é, aqueles doentes que têm situações mais complexas, mesmo que não tenham conseguido entrar nos chamados serviços mínimos, o Ministério da Saúde, estará a arranjar uma solução dentro daquilo que são os mecanismos legais existentes no próprio SNS”, disse.
Apontou o exemplo do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, que “já transferiu alguns doentes para hospitais da sua área, nomeadamente para o Hospital de São José, para o Centro Hospitalar Lisboa Ocidental e para o Hospital Beatriz Ângelo”.
“Esta é a informação que eu tenho, mas não lhe posso garantir que perante esta situação, que tem um impacto grande em todo o SNS, alguns doentes não possam vir a ser prejudicados e até de forma complexa. Por isso é que lançámos o apelo ao Ministério da Saúde e ao Governo para que rapidamente faça alguma coisa no sentido de encontrar uma solução definitiva para esta situação”, acrescentou.
Miguel Guimarães sublinhou, contudo, que “os diretores clínicos estão atentos e procuram resolver todas as situações mais complexas”.
O bastonário da Ordem dos Médicos defendeu ainda que deveria haver uma exceção para as crianças a necessitar de cirurgia.
“Os casos graves, que felizmente são raros, estão a ser tratados”, mas, “além da questão de a patologia ser mais ou menos grave, a verdade é que muitas destas crianças são normalmente intervencionadas em momentos oportunos, em que tudo é tratado em função da escola. Ao perderem esta oportunidade vai-se gerar uma dinâmica negativa dentro daquilo que pode ser a sua dinâmica escolar”, considerou.
A Ordem dos Médicos apela ao Ministério da Saúde para que “assuma a sua responsabilidade” e entende que é fundamental que os hospitais onde decorre a greve divulguem diariamente o número de doentes não operados e a gravidade das suas situações clínicas.
“Os portugueses têm o direito a saber a verdade dos números e a gravidade das situações”, considerou.
A 'greve cirúrgica' dos enfermeiros, que se iniciou em 22 de novembro e termina em 31 de dezembro, está a decorrer nos blocos operatórios do Centro Hospitalar Universitário de S. João (Porto), no Centro Hospitalar Universitário do Porto, no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte e no Centro Hospitalar de Setúbal.
A ministra da Saúde, Marta Temido, disse que as cirurgias adiadas devido à greve dos enfermeiros vão ser reagendadas a partir de 01 de janeiro de 2019.
(Notícia atualizada às 13h38)
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