"Correu tudo sem incidentes, de forma ordeira e sem confrontos. [Os manifestantes] só falaram com a GNR, foi mais uma sessão de esclarecimento das suas posições", disse à Lusa fonte da GNR.
O protesto contra a batida à raposa e saca-rabos, com origem numa página de autor anónimo da rede social Facebook, estava agendado para a manhã de hoje, tendo sido inicialmente marcado para o local da concentração dos caçadores, na povoação de Murtinheira. A manifestação viria a ser alterada para o centro da localidade de Quiaios, a cerca de cinco quilómetros, onde, à hora marcada (07:45) apenas seis pessoas marcavam presença, constatou a agência Lusa.
O grupo de manifestantes acabou por se deslocar para a povoação da Murtinheira junto à associação onde quatro dezenas de caçadores e dirigentes associativos ultimavam os preparativos para a batida à raposa, que começou cerca das 10:30, a cerca de nove quilómetros daquele local, em zona florestal do norte da freguesia.
Já depois do dispositivo da GNR presente - com militares do destacamento territorial de Montemor-o-Velho, onde se incluíam elementos do Serviço de Proteção da Natureza e Ambiente (SEPNA) - ter verificado licenças e armamento, concluindo pela legalidade de todos os procedimentos relacionados com a batida, os manifestantes chegaram, em silêncio, sem se ter registado qualquer confronto com os caçadores, constatou a Lusa.
O anúncio, divulgado nas redes sociais, de que os manifestantes iriam deslocar-se para a zona da batida, acompanhando os caçadores e fazendo barulho para afastar as raposas, também não se concretizou, embora os militares da GNR tivessem instruções para não os deixar entrar na zona de caça, por motivos de segurança.
A batida terminou pouco depois das 12:00, sem que os caçadores tivessem "caçado alguma coisa", indicou ainda a fonte da GNR, confirmando que os manifestantes não chegaram a deslocar-se à zona de caça.
Em declarações à Lusa, Rui Mamede, presidente do Clube de Caçadores de Quiaios, notou que a batida de hoje acabou por ter "muito mais" caçadores inscritos (30) do que habitualmente, reunindo participantes da região da Figueira da Foz, mas também de Fátima ou Abrantes, entre outros locais.
Carlos Rodrigues, presidente da Federação de Caça e Pesca da Beira Litoral, entidade que representa 124 associações e autarquias dos distritos de Aveiro, Coimbra e Leiria e cerca de 20 mil caçadores, classificou como "habitual" a presença da GNR antes de uma batida como a realizada hoje, em ações de fiscalização.
O dirigente admitiu que tem havido "alguma contestação e a que existe é a nível urbano" à caça mas sem que isso implique o "tipo de abordagens" anunciado para decorrer hoje na freguesia de Quiaios.
Já André Grácio, advogado, caçador e defensor de causas do mundo rural, autor de uma queixa-crime por perseguição contra o promotor do protesto de hoje, contestou a "inquietação e o alarme social" potenciada pelas redes sociais.
"Uma coisa organizada por um anónimo nas redes sociais ganha um aparato que não tem razão de ser, veja-se o número de militares da GNR que aqui estão. Estamos a falar de uma atividade legal [a caça], autorizada pelo próprio Parlamento, isto acaba por ser um desrespeito pelas leis da República", criticou.
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