A coordenadora do BE considerou hoje insuficientes os apoios à renda, apesar de importantes porque as pessoas estão desesperadas, criticando a ausência de uma resposta estrutural do Governo já que são precisas “casas a preços razoáveis e salários decentes”.

Numa conferência de imprensa na qual Mariana Mortágua apresentou 14 medidas para travar a crise da habitação, a líder bloquista foi questionada pelos jornalistas sobre o subsídio mensal de apoio à renda, em vigor desde maio, que vai ser pago hoje a cerca de 150 mil famílias, com retroativos a janeiro.

“Este subsídio ajuda porque as pessoas estão em desespero e é, portanto, é um subsídio muito importante para quem não consegue pagar a sua renda. Nós vivemos num país em que pessoas com salário de 1.200 euros estão a pagar rendas de 800 euros”, começou por responder.

Ressalvando que para a maior parte das pessoas este subsídio não é suficiente, a líder bloquista apontou um outro problema de fundo: “em que país é que nós queremos viver quando a classe média depende de apoios do Governo para poder arrendar uma casa porque os salários não pagam uma renda”.

“Os subsídios não são suficientes, mas independentemente disso, o que as pessoas querem, mais do que um subsídio do Estado, é uma casa que possam pagar com o seu salário e isso significa casas a preços razoáveis e salários decentes”, afirmou.

Como o Governo “não garante nenhum dos dois”, segundo Mortágua, “vai dando estes subsídios que são importantes para as pessoas, insuficientes, mas que não são uma resposta estrutural porque a resposta estrutural é responder aos problemas da habitação”.

“O problema é quando é se quer proteger o lucrativo negócio do imobiliário e dos fundos de investimento imobiliário e ao mesmo tempo resolver um problema social e estes são incompatíveis, acho que esse é o erro do Governo nesta definição de políticas públicas”, criticou.

Em comunicado, o ministério tutelado por Marina Gonçalves refere que será pago hoje a cerca de 150 mil famílias “o subsídio mensal de apoio à renda, promovido pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, que está em vigor desde o mês de maio, com retroativos a janeiro".

A maioria das famílias vão receber o apoio "pela primeira vez, juntando-se assim aos beneficiários da Segurança Social que já tinham recebido em maio este apoio".

O Governo recorda que "os apoios com valor mensal abaixo de 20 euros são pagos apenas semestralmente".

O apoio, "no conjunto das mais de 185 mil famílias apuradas como elegíveis para a medida, pode ir até aos 200 euros mensais, sendo que o valor médio ronda os 100 euros", lê-se no comunicado.