"Portugal precisa de um grande plano de investimento e políticas públicas para a emergência climática, que contemple a reconversão energética, do território, dos transportes, da indústria, da habitação, será esse motor. Financiado com dívida pública, sim, e capaz de convocar investimento privado", defendeu Catarina Martins, no Porto, a discursar da conferência que celebra os 131 anos do Jornal de Noticias.

Catarina Martins, que elegeu os problemas ambientais como tema central da intervenção, lembrou ainda que clima, emprego e desigualdades estão "seguramente ligados" e que é "tempo de respostas corajosas".

"A coragem de responder à emergência climática exige reconversão da energia e da indústria, novas regras de produção industrial e agropecuária. Exige o investimento para tornar os edifícios públicos autossuficientes, capazes de criar e conservar a sua própria energia", afirmou.

Para o Bloco, "há caminhos claros e que devem ser prosseguidos no imediato" porque Portugal precisa. E Catarina Martins enumerou alguns: "Investimento na criação de fontes de produção de energia renovável. É possível aumentar as fontes de energia renovável e diversificá-las, Portugal tem condições para tornar as energias eólica e solar dominantes no sistema energético, e tem a obrigação de recusar furos de gás e petróleo e a generalização planetária do 'fracking'".

O BE defende também que, "além de produzir limpo, Portugal tem de consumir melhor".

Relacionando o clima com os outros dois problemas a enfrentar, emprego e desigualdades, Catarina Martins considerou que "são problemas diversos, mas seguramente ligados".

"Não há combate às desigualdades sem emprego e salário, a enorme transformação imposta pela emergência climática depende de uma economia mais justa e de pleno emprego - ou não se fará", alertou.

Segundo disse, "para esse caminho, cada um deve escolher o seu lado: o lado da ciência e o lado dos 99%, o nome dessa enorme maioria que tem vindo a perder para a pequena elite que concentra a riqueza".

Catarina Martins referiu ainda a necessidade de "salvar" o Serviço Nacional de Saúde e a posição do BE sobre o tema. "O Estado pode e deve recorrer a privados nos casos em que não é capaz de prestar o cuidado de saúde. Mas nunca deve entregar a privados os hospitais públicos ou travar o investimento no SNS para favorecer os hospitais privados", argumentou.

"A responsabilidade é a da resposta corajosa. Passou há muito o tempo dos pequenos passos e pequenos gestos", concluiu a coordenadora bloquista.