“Penso que era altura de o senhor primeiro-ministro poder responder às críticas que têm sido feitas e que me parecem ser muito justas”, afirmou a coordenadora bloquista.

Em conferência de imprensa no final de uma reunião da Mesa Nacional do BE, em Lisboa, a deputada foi questionada sobre o silêncio do primeiro-ministro, depois de notícias que deram conta que fez uma escala em Budapeste, quando viajava numa aeronave da Força Aérea, e assistiu à final da Liga Europa ao lado do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán.

“Não me parece uma boa ideia utilizar recursos públicos, nomeadamente o Falcon, que é um meio de transporte e deslocação que o senhor primeiro-ministro tem para visitas oficiais, para fazer uma pequena paragem para assistir a um jogo de futebol, ainda por cima fazê-lo ao lado de líder autoritário de extrema-direita, como é o caso de Viktor Orbán”, criticou Mariana Mortágua.

A coordenadora do BE classificou de “lamentável esta decisão do primeiro-ministro, pela sua consequência política relativamente à presença no mesmo espaço que esse líder autoritário” e também “pela utilização de recursos públicos que foi feita, imponderada, eventualmente”.

Falando numa “paragem decidida de forma pessoal” por António Costa, Mortágua considerou que “não havia nenhuma obrigação de ir ver um jogo de futebol” à Hungria.

“E seria melhor para todos que o senhor primeiro-ministro pudesse esclarecer este tema, para que o possamos encerrar de vez”, defendeu, apontando mesmo que Costa “deve ao país” esse esclarecimento sobre “um episódio, um incidente criado pela falta de bom senso do Governo”.

Mariana Mortágua defendeu também que “o país tem coisas muito mais importantes com que se preocupar neste momento, desde o recente anúncio do aumento dos juros dos empréstimos à habitação por parte do Banco Central Europeu, como os problemas gravíssimos de acesso à habitação por causa dos preços das rendas”.

“Acho que esse deve ser o centro dos problemas da política”, apontou, considerando “lamentável que o Governo perca tanto tempo a gerir os seus próprios casos, que vai criando, e que lhe reste também tão pouco tempo para tratar os problemas do país”.

António Costa fez escala em Budapeste, em 31 de maio, quando seguia a caminho da Moldova para a cimeira da Comunidade Política Europeia, sem que o evento tivesse sido colocado em agenda, noticiou o Observador.

De acordo com o mesmo jornal, o chefe do Governo português viajou num Falcon 50 da Força Aérea Portuguesa e assistiu ao jogo da final da Liga Europa de futebol entre o Sevilha e a Roma, equipa italiana orientada por José Mourinho, ao lado do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán.

A agência Lusa questionou o gabinete do primeiro-ministro, que tem sido criticado pela oposição, mas não obteve resposta até ao momento.

Questionado pelos jornalistas na sexta-feira, o Presidente da República disse ter sido informado desta escala.

“O primeiro-ministro ia para uma reunião internacional e entendeu que devia dar um abraço a José Mourinho. Ele disse-me ‘é um português que está envolvido, vou-lhe dar um abraço, pode ser que dê sorte’ e quase ia dando”, sublinhou Marcelo Rebelo de Sousa.

Já no sábado, o chefe de Estado disse não ver qualquer “problema político específico” na escala do primeiro-ministro na Hungria, sublinhando que os dois países são aliados na União Europeia.