“Promover a cimeira UE-Índia sob o pretexto de ‘reforçar as relações comerciais entre os dois blocos’ é menosprezar o recrudescimento dos conflitos entre as diferentes comunidades religiosas na Índia e legitimar os atropelos aos direitos humanos que decorrem em solo indiano através da perseguição e violência dirigida a pessoas muçulmanas e outras minorias étnicas com a conivência do governo e das forças policiais”, condena o Departamento Internacional do Bloco de Esquerda (BE), numa nota enviada à agência Lusa.
O BE expressa “a sua solidariedade para com a população indiana oprimida pelas políticas divisionistas e persecutórias de Narendra Modi”, lamentando “profundamente que o governo português e a União Europeia queiram reforçar a cooperação com uma figura que tem abalado os alicerces seculares da Índia visando substituir o pluralismo religioso pela uniformidade hindu”.
“E, para esse efeito expurgando os muçulmanos da política e da sociedade indiana em geral”, condena.
No próximo sábado, no dia seguinte à Cimeira Social e na tarde após o Conselho Europeu informal que se realizam no Porto, a presidência portuguesa da UE promove uma cimeira informal que irá juntar os líderes dos 27 e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, sendo que este último participa por videoconferência devido à evolução da pandemia na Índia.
Intitulado “You are not welcome, Modi!”, o texto dos bloquistas refere que a realização desta cimeira “surge num contexto de crescente fascistização da sociedade indiana, uma consequência direta das políticas de ódio empregues pelo primeiro-ministro indiano” e “pelo seu partido nacionalista hindu Bharatiya Janata Party (BJP)”.
“Desde que tomou o poder em maio de 2014, Narendra Modi não só adotou uma política neoliberal assente em austeridade" como também "promoveu a ascensão de um ultraconservadorismo islamofóbico que tem originado a pior vaga de violência das últimas décadas”, critica o BE, que acusa ainda Modi de aproveitar a crise pandémica para "oprimir e normalizar a violência e o ódio contra migrantes e muçulmanos".
Em entrevista à agência Lusa hoje divulgada, o primeiro-ministro, António Costa, manifestou-se otimista em relação aos resultados da cimeira de sábado, no Porto, entre a União Europeia e a Índia, um país que tem sido prioridade na política externa portuguesa desde que a visita de Estado realizada por António Costa em janeiro de 2017.
Esta semana, o vice-presidente executivo da Comissão Europeia Valdis Dombrovskis adiantou que espera que a cimeira sirva para “intensificar a cooperação” entre Bruxelas e Nova Deli, ditando os “próximos passos” na agenda comercial.
Em 19 de abril, em Bruxelas, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, disse que o Governo esperava “resultados substantivos” desta cimeira com a Índia.
A Cimeira Social arrancou hoje no Porto, com a presença de 24 dos 27 chefes de Estado e de Governo da União Europeia, reunidos para definir a agenda social da Europa para a próxima década.
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