O BE, pela voz do deputado Luís Monteiro, escolheu o tema do ensino superior para as declarações políticas de hoje por considerar que "a falta de eficácia da Ação Social, a pouca abrangência do seu regulamento ou o valor absurdo de propinas que ainda persiste em Portugal, são os fatores servem de travão ao acesso ao Ensino Superior".

"2019 é um ano histórico no início das respostas a estes problemas. Em boa hora, o Bloco de Esquerda garantiu a descida do valor máximo das propinas em 212 euros, um pequeno passo para iniciar um caminho que garanta um Estado Social onde ninguém fica para trás. Temos de continuar o caminho até à eliminação final das propinas", defendeu.

No entanto, para o deputado do BE "as mudanças na Ação Social são também essenciais" e, por isso mesmo, os bloquistas vão reapresentar as "propostas para a sua melhoria".

"Sabemos bem que a discussão sobre o futuro do Ensino Superior não passa pela chantagem feita pela direita, que contrapõe as escolhas entre mais bolsas ou menos propinas", criticou.

Assim, para o BE é fundamental "descontaminar a discussão" porque "o acesso a um Ensino Superior livre de propinas não se contrapõe ao direito de acesso a uma bolsa de ação social".

"A capacidade de investimento em mais ação social não obriga à existência de propinas. Enganam-se, aqueles que, assustados com a ideia do fim das propinas e um Ensino Superior para todos, utilizam a chantagem para negar direitos aos estudantes", advertiu.

Nos pedidos de esclarecimento, pelo PSD, Álvaro Baptista só viu "consciência pesada" no discurso BE, uma vez que apoia o Governo da geringonça.

"Este debate só pode significar, para além de muita hipocrisia, a incapacidade da esquerda radical de resolver os problemas também no ensino superior", atirou, considerando que "tudo está pior".

Pelo CDS, Ana Rita Bessa, voltou a criticar a redução das propinas em vez de apostar na ação social, considerando que este é um "pequeno passo que os ricos agradecem".

Ana Mesquita, do PCP, defendeu a necessidade de apostar no aumento de investimento no ensino superior público, reforço na ação social escolar e caminhar para o fim das propinas.

Finalmente, Pedro Delgado Alves, deputado do PS, fez um "balanço positivo da ação deste governo no ensino superior", concordando que "há muito trabalho para fazer".

Na derradeira declaração política do dia, o CDS-PP condenou a ação do Governo socialista relativamente à agricultura, sendo acompanhado pelo PSD nas críticas ao executivo de "completo desnorte e desprezo" quanto ao mundo rural e um ministro da Agricultura "preso pelos preconceitos ideológicos dos partidos de extrema esquerda".

"Há um setor da economia que tem estado desde 2016 afastado do discurso público e político. É o setor agroalimentar e, com ele, todo o mundo rural. Falar de agricultura para o PS é falar de vacas voadoras e cabras sapadoras. Sempre que o PS governa, a agricultura e os agricultores sofrem. Nos últimos anos, o PS tem-no feito com o silêncio cúmplice das esquerdas unidas que esquecem, desprezam e ignoram todo o mundo rural e quem vive no campo", disse a democrata-cristã Patrícia Fonseca.

O comunista João Dias e o bloquista Carlos Matias pediram um "ato de contrição para reconhecer responsabilidades que têm" ao CDS-PP pela anterior governação e problemas do setor, apontando como exemplo a destruição da Casa do Douro.

O socialista João Azevedo Castro contrariou a tese da oposição enumerando diversos indicadores de boa saúde dos setores agroalimentar e florestal e as medidas positivas tomadas pelo Governo.