António Silva, um dos líderes do movimento, garantiu à Lusa, no decurso de uma manifestação no Porto, que “o BES não precisava de ter tido aquela intervenção”, realçando ainda que o grupo “não se sente fragilizado” pela decisão.
A sentença do Tribunal Administrativo de Lisboa, a que a Lusa teve acesso, foi noticiada pelo Expresso este fim de semana e significa a primeira vitória do banco central, imerso em 400 processos que contestam as medidas tomadas na resolução do BES, uma vez que considera que a decisão do BdP de 03 de agosto de 2014 foi legal e constitucional.
A decisão daquele tribunal é, contudo, passível de recurso.
Durante uma manifestação hoje em frente ao Palácio de Cristal, o Grupo de Lesados prometeu não desistir.
“O BdP tem obrigação de proteger os depositantes e dar informação ao mercado”, disse António Silva, que atribui muitas das culpas da situação atual dos lesados ao regulador. “Tinha obrigação de ver se as aplicações estavam credenciadas para serem vendidas ao público”, salientou.
António Silva recordou ainda que nos últimos dias têm sido conhecidos bens que estavam na esfera do grupo e que poderiam ser usados para devolver o dinheiro que estes investidores perderam, sobretudo em papel comercial.
O mesmo responsável voltou a criticar o papel das associações formadas para representar os lesados.
“Fizemos cerca de 40 protestos e as associações estiveram a fazer acordos nas nossas costas sem consultar nenhum lesado”, referiu.
Este grupo, que tem feito cerca de três protestos por semana, juntou-se a alguns “coletes amarelos” e ao grupo “Portugal Gente que exige Justiça” para levar a cabo a contestação, marcada no local onde estava a ocorrer uma reunião de elementos do PS. No local, cruzaram-se outros protestos, pelo direito à reforma antecipada ou por melhores condições de trabalho nas empresas.
O Grupo de Lesados planeia manifestar-se novamente no sábado, na Praça dos Leões (Praça de Gomes Teixeira), no Porto, e espera encontrar o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Cerca de 34 mil particulares e entidades públicas e privadas apresentaram reclamações de créditos junto da comissão liquidatária do BES, disse fonte conhecedora do processo à Lusa. O prazo para as reclamações acabou no dia 08 de março.
Depois das reclamações de créditos apresentadas, nas próximas semanas deverá ser conhecida a listagem de créditos reconhecidos e não reconhecidos pela comissão liquidatária do BES.
O BES, tal como era conhecido, acabou em agosto de 2014, deixando milhares de pessoas lesadas devido a investimentos feitos no banco ou em empresas do Grupo Espírito Santo.
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