“O ideal era que a justiça condenasse os responsáveis dos crimes cometidos no Banco Espírito Santo (BES) e no Grupo Espírito Santo (GES) num tempo inferior àquilo que foi o tempo que o MP precisou para deduzir a acusação”, disse à agência Lusa o deputado e vice-presidente da bancada parlamentar do PS João Paulo Correia, notando que “foram precisos seis anos para haver uma dedução”.

João Paulo Correia considerou que “a justiça no caso BES teve agora um momento determinante” com a dedução da acusação de 25 arguidos, na qual “são arrolados um conjunto de ex-responsáveis do BES e do GES por crimes económico-financeiros”.

Por isso, “é importante que a justiça cumpra a sua missão”, o deputado, acrescentando que “a comissão de inquérito ao BES deu o seu contributo, deu matéria que, certamente, foi útil ao MP na investigação que desenvolveu”.

Para João Paulo Correia, é importante que a justiça “apure responsabilidades, identifique os responsáveis e, obviamente, proceda às condenações sobre um dos maiores rombos da história recente” do país, “neste caso concreto, de um dos maiores rombos do sistema financeiro”.

O vice-presidente do grupo parlamentar socialista espera também que “sejam provadas algumas matérias e algumas etapas que ainda hoje estão por esclarecer”, destacando a necessidade de impedir o crescimento do “sentimento de impunidade por parte da opinião pública portuguesa” em relação a este caso.

O MP acusou na terça-feira 18 pessoas e sete empresas por vários crimes económico-financeiros e algumas das quais por associação criminosa, no processo BES/Universo Espírito Santo, em que a figura central é o ex-banqueiro Ricardo Salgado.

O ex-presidente do BES foi acusado de 65 crimes, incluindo associação criminosa, corrupção ativa no setor privado, burla qualificada, branqueamento de capitais e fraude fiscal, no processo BES/GES.

Além de Ricardo Salgado são também arguidos neste processo Amílcar Morais Pires e Isabel Almeida, antigos administradores do BES, entre outros.

O inquérito do processo principal “Universo Espírito Santo” teve origem numa notícia de 03 de agosto de 2014 sobre a medida de resolução do BES e analisou um conjunto de alegadas perdas sofridas por clientes das unidades bancárias Espírito Santo.

Posteriormente, foi conhecida a resolução e liquidação de inúmeras entidades pertencentes ao então Grupo Espírito Santo (GES) no Luxemburgo, Suíça, Dubai e Panamá, a par do pedido de insolvência por parte de várias empresas do mesmo Grupo em Portugal.

O arguido e ex-presidente do BES Ricardo Salgado já confirmou ter sido notificado da acusação, dizendo que “não praticou qualquer crime” e que esta “falsifica a história" do Banco Espírito Santo.