À saída do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), no Campus de Justiça, em Lisboa, Ricciardi confirmou não ter sido confrontado com qualquer facto novo pelo juiz de instrução Ivo Rosa e escusou-se a prestar mais declarações, alegando cansaço.
“Estou muito cansado, mas foi muito esclarecedor”, disse unicamente sobre a diligência que terminou cerca das 18:30, da qual saiu acompanhado do seu advogado Pedro Reis.
À entrada disse ter a consciência tranquila relativamente à sua conduta nos problemas que levaram à queda do Grupo Espírito Santo (GES), em 2014.
Afirmou também antes de entrar dar “o melhor” pela descoberta da verdade.
“Um administrador de um banco é obrigado a um conjunto de deveres que tem de cumprir. Tem de dar a conhecer, tem o dever de diligência e eu tentei fazer o melhor na altura. Fiz o que podia”, sublinhou.
Embora já tenha assumido não ter hoje qualquer relação com o primo e antigo presidente do GES, Ricardo Salgado, José Maria Ricciardi garantiu não misturar questões pessoais com os factos deste processo, nem fazer juízos sobre o ex-banqueiro.
“Tento ser o mais objetivo possível, não confundo as coisas. Já se passou bastante tempo, mas vamos ler e rever aquilo que se passou. Tento dizer aquilo que vi e que fiz. Caberá a estes senhores aqui dentro decidir com todos os direitos e com a presunção de inocência. Não faço julgamentos de ninguém”, explicou.
Esta foi a segunda vez que José Maria Ricciardi se deslocou ao Campus da Justiça para ser inquirido no âmbito da fase de instrução. A audição enquanto testemunha no processo BES/GES esteve agendada para o passado dia 26 de abril, mas o seu depoimento acabou por ser adiado para hoje, uma vez que as diligências daquele dia estavam atrasadas.
O processo BES/GES conta com 30 arguidos (23 pessoas e sete empresas), num total de 361 crimes.
Considerado um dos maiores processos da história da justiça portuguesa, este caso agrega no processo principal 242 inquéritos, que foram sendo apensados, e queixas de mais de 300 pessoas, singulares e coletivas, residentes em Portugal e no estrangeiro. Segundo o Ministério Público (MP), cuja acusação contabilizou cerca de quatro mil páginas, a derrocada do Grupo Espírito Santo (GES), em 2014, terá causado prejuízos superiores a 11,8 mil milhões de euros.
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