A decisão foi, por fim, tomada: Kamala Harris vai ser a candidata a vice-presidente dos EUA na campanha de Joe Biden.
Biden oficializou a sua escolha numa publicação na sua conta oficial da rede social Twitter. "Tenho a grande honra de anunciar que escolhi @KamalaHarris, uma lutadora intrépida a favor dos mais fracos e uma das melhores funcionárias deste país", anunciou o candidato de 77 anos, pondo assim fim a semanas de expectativa.
Harris, senadora democrata de 55 anos pelo estado da Califórnia e antiga procuradora-geral do mesmo estado, foi uma das rivais de Joe Biden nas primárias, mas desistiu da corrida à presidência em dezembro do ano passado por falta de fundos.
A senadora, no entanto, declarou publicamente o seu apoio a Joe Biden em março deste ano e vinha a ser considerada como uma das mais prováveis candidatas a ser escolhida pelo concorrente na corrida à presidência.
A seu favor para ser escolhida tinha não só o seu percurso como o facto de ser uma mulher negra — e também com proveniência indiana — a advogar reformas no sistema judicial numa fase em que o país tem sido palco dos maiores protestos em décadas contra o racismo.
Harris, que pretendia tornar-se a primeira presidente negra dos Estados Unidos, poderá tornar-se na primeira vice-presidente negra, caso Biden seja eleito a 3 de novembro deste ano.
A oficialização do convite será feita na convenção virtual do Partido Democrata na próxima semana, sendo que também será apenas aí que Joe Biden será oficialmente nomeado candidato do partido para as eleições.
Desde março que Biden, ex-vice-presidente de Barack Obama, já vinha a dizer que escolheria uma mulher para desafiar o presidente republicano Donald Trump nas eleições. Harris, que já era considerada uma das favoritas, tornou-se a hipótese quase certa depois de uma gaffe do jornal Politico, que publicou acidentalmente a notícia da escolha de Kamala por Biden, com data de 1 de agosto. O vice-presidente de marketing e comunicação do website informativo, Brad Dayspring, pediu desculpas.
Esta escolha reveste-se de particular importância para Harris tendo em conta as condicionantes para Biden. Com a vitória, o candidato, que completará 78 anos em janeiro, seria o presidente mais idoso da história dos EUA, tendo já sugerido que pretende exercer apenas um mandato, pelo que a sua vice-presidente poderia ser vista como a sua sucessora nas eleições de 2024.
Quem é Kamala Harris?
"A minha mãe costumava dizer-me: Kamala, talvez sejas a primeira a conquistar muitas coisas. Assegura-te de não ser a última", gostava de repetir a senadora de 55 anos durante as primárias democratas.
Desde o início da sua carreira que esta filha de imigrantes da Jamaica e da Índia se habituou a desabar barreiras. Depois de dois mandatos como procuradora em San Francisco (2004-2011), foi eleita duas vezes procuradora-geral da Califórnia (2011-2017), tornando-se a primeira mulher, mas também a primeira pessoa negra, a chefiar os serviços jurídicos do estado mais populoso do país.
De seguida, em janeiro de 2017, foi empossada no Senado em Washington, tornando-se a primeira mulher com raízes no sul da Ásia a chegar à Câmara alta na história dos Estados Unidos, e a segunda mulher negra no Senado americano.
Harris cresceu em Oakland, na Califórnia progressista dos anos 1960, orgulhosa da luta pelos direitos civis levada a cabo pelos seus pais.
A senadora conhece bem o candidato democrata e era próxima do filho dele, Beau Biden, que morreu de cancro em 2015. Mas a também pré-candidata democrata surpreendeu ao atacar duramente Biden no primeiro debate democrata, em 2019, questionando as suas posições sobre políticas para acabar com a segregação racial na década de 1970.
Na ocasião, contou emocionada que, quando era menina, viajava num dos autocarros que levavam estudantes negros a bairros brancos. A troca de farpas fê-la disparar nas sondagens, mas rapidamente recuou, enquanto tentava definir o rumo da sua candidatura.
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