“[Lukashenko] já há muito tempo que mantém a sua própria população como refém. Mas isso não nos impede de lembrar o preço que terá de ser pago por esse ato infame”, frisou o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Heiko Maas, numa conferência de imprensa, em Berlim.

Maas insistiu ser necessário deixar claro “a qualquer ditador” que terá de “pagar um alto preço”, sobretudo pela forma como prendeu o jornalista Roman Protasevich, depois de o avião comercial da companhia aérea Ryanair ter sido desviado para Minsk, quando fazia a ligação entre Atenas e Vílnius (Lituânia).

A ONU expressou hoje o seu temor pela segurança do jornalista, que poderá ter sido torturado, segundo a líder oposição bielorrussa no exílio, Svetlana Tikhanovskaya.

O incidente com o avião levou segunda-feira a União Europeia (UE) a aprovar novas sanções contra o regime bielorrusso, incluindo o encerramento do espaço aéreo para companhias aéreas bielorrussas e a suspensão de sobrevoo do espaço aéreo bielorrusso por as empresas de aviação europeias.

Várias companhias aéreas europeias já acataram o pedido da União Europeia – como a Air France, a KLM e a Finnair – e outras empresas aéreas internacionais seguiram o mesmo caminho, como a Singapore Airlines.

Roman Protasevich foi diretor dos canais Telegram Nexta e Nexta Live, que se tornaram as principais fontes de informação nas primeiras semanas de protestos antigovernamentais, após as eleições presidenciais de agosto de 2020 na Bielorrússia.

As presidenciais deram a vitória a Lukashenko – no poder há 26 anos -, com 80% dos votos, o que é contestado pela oposição e não é reconhecido pela UE.

Perante um vasto movimento de protesto contra a sua reeleição, Lukashenko orquestrou uma campanha de repressão contra a oposição e os meios de comunicação independentes do país.

Desde o início dos protestos na antiga república soviética, centenas de jornalistas foram detidos e cerca de 20 estão ainda presos.

Em outubro de 2020, a UE avançou com sanções contra Alexander Lukashenko, reforçando as medidas restritivas adotadas contra repressores das manifestações pacíficas no país.