Nesta situação está um grupo de 45 pessoas, incluindo seis adultos e 39 crianças, com idades entre os 13 e 15 anos, de Oliveira de Azeméis (Aveiro), que participaram no Jubileu dos Adolescentes em Roma, que terminou no domingo e que viram o voo de regresso ao Porto cancelado na segunda-feira.

“Eles chegaram a estar dentro do avião, mas o voo não partiu. Ontem [segunda-feira] à noite, depois de muitas reclamações, foram colocados num hotel e hoje de manhã a companhia aérea foi buscá-los ao hotel e deixou-nos no aeroporto”, disse à Lusa Hélder Ramos, da organização da viagem.

O responsável considerou que a companhia aérea Wizz Air os “deixou ao abandono”, afirmando que os voos diários já estão todos cheios e a única solução apresentada pela empresa foi um voo para o dia 06 de maio, o que não foi aceite.

“Dissemos que isso era impossível e que queríamos uma solução para hoje, e então disseram-nos que estávamos por nossa conta e risco, que procurássemos uma solução noutras companhias e que pedíssemos a devolução só do valor da viagem de regresso”, disse Hélder Ramos.

O responsável referiu ainda que tem sido muito complicado gerir esta situação, adiantando que estiveram toda a manhã em reunião à procura de soluções, tendo conseguido arranjar voos para eles na quarta-feira noutra companhia, com preços mais caros do que o valor da viagem de ida e volta, sendo que inicialmente será a paróquia a assumir essa despesa.

Hélder Ramos explicou que a viagem de regresso será feita em dois voos de Roma para Madrid, em Espanha, um de manhã e outro ao início da tarde, e depois haverá um autocarro que irá buscar o grupo a Madrid para os trazer para Portugal.

A Lusa falou também com Alexandre Costa, um dos monitores que está a acompanhar as crianças, que disse que a próxima noite será passada no aeroporto, apesar de a companhia ter oferecido a dormida num hotel.

“Optámos por ficar aqui e receber ‘vouchers’ de comida porque não temos sequer roupa para nos trocar, não vale a pena estar a abrir as mochilas todas, porque depois é um 31 para as fechar e achámos mais seguro ficar no aeroporto”, disse.

Alexandre Costa referiu ainda que há crianças no grupo com problemas de saúde, nomeadamente epilepsia e asma, entre outros casos, mas assegurou que a situação está sob controlo.

“O risco seria para amanhã [quarta-feira] de manhã, mas para já está tudo controlado. Já nos informaram que temos uma farmácia aqui perto e que tem os produtos necessários e se calhar passamos lá entretanto”, referiu.

Esta situação também apanhou desprevenido um grupo de escuteiros de Vila das Aves, no concelho de Santo Tirso (Porto), que participou no Jubileu dos Adolescentes em Roma.

Na segunda-feira, 11 crianças com idades entre os 07 e os 12 anos e três adultos chegaram a entrar para o avião e a acreditar que chegariam ao Porto, mas após uma hora foram convidados a sair e “abandonados no aeroporto sem qualquer tipo de apoio”, descreveu à Lusa Rafael Lopes, um dos responsáveis pelo grupo.

“A [companhia aérea] Wizz Air só nos atendeu porque a polícia exigiu. Diante da polícia prometeram jantar, hotel e voo hoje. Depois a polícia foi embora e negaram. Deram refeição e hotel, mas o voo temos de pagar noutra companhia, e talvez não reembolsem, ou esperar por 02 ou 03 de maio e ir nesta, mas separados. Temos miúdos com medicação a acabar e sobretudo os mais pequeninos têm saudades dos pais”, contou.

Rafael Lopes contou à Lusa que já falou com o gabinete de emergência consular: “disseram que o senhor embaixador estava a acompanhar a situação e mais nada”, lamentou.

Um corte generalizado no abastecimento elétrico afetou na segunda-feira, desde as 11:30, Portugal e Espanha, continuando sem ter explicação por parte das autoridades.

Aeroportos fechados, congestionamento nos transportes e no trânsito nas grandes cidades e falta de combustíveis foram algumas das consequências do apagão.

O operador de rede de distribuição de eletricidade E-Redes garantiu hoje de manhã que o serviço está totalmente reposto e normalizado.