A maioria dos deslocados é membros da minoria muçulmana rohinya, no estado de Rakhine, afetados pela operação que as forças de segurança iniciaram depois do assalto armado de 09 de outubro contra três postos da polícia fronteiriça.
Segundo o Escritório de Coordenação para Assuntos Humanitários (OCHA) da ONU, 74.000 destas pessoas encontram-se nos campos de refugiados no Bangladesh, enquanto outras 20.000 são deslocados que continuam em Rakhine.
Outras 36.000 pessoas tiveram de abandonar as suas casas nos estados de Shan e Kachin por causa do recrudescimento dos combates entre o exército birmanês e uma coligação de guerrilhas de minorias étnicas no noroeste do país.
Cerca de 20.000 pessoas atravessaram a fronteira até ao território chinês fugindo destes combates, informaram na quinta-feira as autoridades de Pequim.
Estes números elevam para 260.000 o total de pessoas deslocadas em todo o país por causa de conflitos armados e violência sectária, segundo a mais recente estimativa da OCHA.
A organização estima que cerca de 60.000 deslocados internos se encontram em áreas inacessíveis à ajuda humanitária, incluindo os do estado Rakhine, apesar de as autoridades terem anunciado a 15 de fevereiro o fim da operação de segurança.
Segundo a OCHA, vários refugiados regressaram às suas casas e as autoridades birmanesas permitiram o restabelecimento progressivo das atividades humanitárias, apesar de continuarem longe do acesso anterior ao assalto armado de outubro e à operação de segurança desencadeada pelo exército.
Várias organizações denunciaram todo o tipo de atrocidades nesta campanha militar, incluindo homicídios, violações e queima de casas, no que a ONU disse que podia considerar-se como crimes contra a humanidade.
Os combates nos estados Shan e Kachin, perto da fronteira chinesa, causaram entre novembro e dezembro cerca de 150 mortos, entre rebeldes, forças de segurança e civis.
Sete guerrilhas desmarcaram-se do plano de paz impulsionado pelo governo birmanês, liderado pela Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, apesar do exército — que dispõe de amplos poderes e controlo sobre o governo — manter a sua ofensiva.
Uma maior autonomia é a reivindicação principal de quase todas as minorias étnicas da Birmânia, incluindo chin, kachin, karen, kokang, kayah, mon, rakain, shan e wa, e que juntas representam mais de 30% dos 48 milhões de habitantes do país.
A Birmânia foi governada por generais desde 1962 até 2011, quando iniciou uma transição tutelada pelos militares que culminou nas eleições de 2015, ganhas pelo movimento democrático de Suu Kyi.
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