Recorde a celebração em Fátima:

E no Vaticano: 

O cardeal Konrad Krajewski, como Legado Pontifício, presidiu esta tarde, em Fátima, ao ato de consagração da Ucrânia e da Rússia ao Imaculado Coração de Maria, em simultâneo com o mesmo gesto feito pelo Papa Francisco no Vaticano.

Eram 17:26 quando o cardeal polaco começou a ler em italiano a oração de consagração escrita pelo Papa Francisco, a qual denuncia que os homens esqueceram “a lição das tragédias do século passado, o sacrifício de milhões de mortos nas guerras mundiais”.

“Descuidamos os compromissos assumidos como Comunidade das Nações e estamos a atraiçoar os sonhos de paz dos povos e as esperanças dos jovens. Adoecemos de ganância, fechamo-nos em interesses nacionalistas, deixamo-nos ressequir pela indiferença e paralisar pelo egoísmo”, adianta o texto.

Na oração da consagração da Rússia e Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria é referido que a humanidade preferiu “ignorar Deus” e conviver com as suas “falsidades, alimentar a agressividade, suprimir vidas e acumular armas”.

“Perdemos a humanidade, malbaratamos a paz. Tornamo-nos capazes de toda a violência e destruição. Temos necessidade urgente da vossa intervenção materna”, lê-se no texto.

“Apagai o ódio, acalmai a vingança, ensinai-nos o perdão; libertai-nos da guerra, preservai o mundo da ameaça nuclear; (…) mostrai aos povos o caminho da fraternidade”, foram alguns dos apelos deixados naquela oração, na qual é ainda pedido à Virgem: “enquanto o rumor das armas não se cala”, que a vossa oração nos predisponha para a paz; As vossas mãos maternas acariciem quantos sofrem e fogem sob o peso das bombas”.

O texto do pontífice apela, ainda, à compaixão dos homens, que “estimule a abrir as portas e cuidar da humanidade ferida e descartada”.

“O povo ucraniano e o povo russo, que Vos veneram com amor, recorrem a Vós, enquanto o vosso Coração palpita por eles e por todos os povos ceifados pela guerra, a fome, a injustiça e a miséria. Por isso nós, ó Mãe de Deus e nossa, solenemente confiamos e consagramos ao vosso Imaculado Coração nós mesmos, a Igreja e a humanidade inteira, de modo especial a Rússia e a Ucrânia. Acolhei este nosso ato que realizamos com confiança e amor, fazei que cesse a guerra, providenciai ao mundo a paz”, acrescentou a oração, acompanhada com atenção pelos milhares de peregrinos presentes no Santuário de Fátima.

Esta consagração foi feita mais de um mês após a ofensiva militar que a Rússia lançou na Ucrânia e que causou já, entre a população civil, mais de um milhar de mortos e mais de 1.700 feridos, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, das quais 3,7 milhões foram para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

Qual o motivo da consagração?

O Papa Francisco anunciou que ia consagrar a Rússia e a Ucrânia na Celebração da Penitência que aconteceu às 16:00 desta sexta-feira na Basílica de São Pedro, em Roma, enquanto à mesma hora, na Capelina das Aparições, no Santuário de Fátima, coube ao Esmoler Apostólico, cardeal Korad Krajewski, como Legado Pontifício, presidir ao mesmo ato.

Na carta que esta semana o Papa Francisco enviou aos bispos de todo o mundo, o pontífice sublinhou que “já passou quase um mês do início da guerra na Ucrânia, que está a causar sofrimentos cada dia mais terríveis àquela atormentada população, ameaçando mesmo a paz mundial”.

“Nesta hora escura, a Igreja é fortemente chamada a interceder junto do Príncipe da Paz e a fazer-se próxima a quantos pagam na própria pele as consequências do conflito”, escreveu o papa na carta aos bispos, acrescentando que o ato de hoje “quer ser um gesto da Igreja universal, que neste momento dramático leva a Deus, através da Mãe d’Ele e nossa, o grito de dor de quantos sofrem e imploram o fim da violência, e confia o futuro da humanidade à Rainha da Paz”.

Neste contexto, o Papa convidou os bispos a unirem-se ao ato de consagração e a convocarem “os sacerdotes, os religiosos e os outros fiéis para a oração comunitária nos lugares sagrados (…), de modo que o santo Povo de Deus faça, de modo unânime e veemente, subir a súplica à sua Mãe”.

Por seu turno, o Secretariado Geral da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), em comunicado, assegurou que, “em profunda comunhão com o Santo Padre, os bispos portugueses procurarão estar presentes nesta celebração em Fátima”.

“Pede-se que todas as paróquias, comunidades, institutos de vida consagrada e outras instituições eclesiais assumam esta intenção de consagração nas celebrações desse dia”, acrescenta o comunicado da CEP.