“Não tive qualquer conversa direta com o ministro dos Negócios Estrangeiros Sergei Lavrov”, explicou o chefe da diplomacia norte-americana durante uma conferência de imprensa de balanço da reunião do G20, no Rio de Janeiro, reservada a um pequeno grupo de jornalistas.
“Ouvi-o falar durante a reunião e imagino que me tenha ouvido quando falei, tal como muitos outros”, acrescentou.
O encontro no Rio de Janeiro foi a primeira vez que os ministros dos Negócios Estrangeiros dos EUA e da Rússia se reuniram desde a morte na prisão, na semana passada, de Alexei Navalny, figura da oposição russa, um acontecimento que agravou as relações já deterioradas entre os dois países.
Presente nas reuniões no Rio de Janeiro, e repetindo a tónica do dia anterior, o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, afirmou que houve “múltiplas referências à morte de Alexei Navalny” e que “o ministro russo escolheu não comentar”.
Também o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, disse que vários membros do G20 questionaram hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, sobre a morte de Alexei Navalny, mas que este escolheu o silêncio.
“Foi discutido na mesa, algumas pessoas questionaram sobre o caso”, afirmou Josep Borrell.
Alexei Navalny, um dos principais opositores do Presidente russo, Vladimir Putin, morreu a 16 de fevereiro, aos 47 anos, numa prisão do Ártico, onde cumpria uma pena de 19 anos.
Os serviços penitenciários da Rússia indicaram que Navalny se sentiu mal depois de uma caminhada e perdeu a consciência.
De acordo com Blinken, a maioria dos países criticou a invasão russa da Ucrânia durante a reunião, pelo que, na sua opinião, foi uma boa oportunidade para Lavrov e a Rússia ouvirem “o que o mundo pensa da sua agressão”.
O chefe da diplomacia norte-americana confirmou ainda que o seu país está a preparar um novo conjunto de sanções contra a Rússia devido à morte de Navalny, que deverá ser anunciado na sexta-feira.
“Fiquem atentos. Elas estão a caminho”, disse.
Lavrov foi dos primeiros líderes a abandonar a reunião, tendo apenas falado à imprensa russa, seguindo para Brasília onde está previsto um encontro com o Presidente brasileiro, Lula da Silva, no Palácio do Planalto, o mesmo local onde recebeu, na quarta-feira, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.
Em declarações à imprensa russa, citadas pela agência russa Tass, Lavrov disse que o país “responder com ação” às novas sanções iminentes dos EUA.
“Responderemos com ações relacionadas com o desenvolvimento da nossa própria economia, a evolução e o reforço dos laços com os parceiros que – ao contrário da minoria ocidental que continua a pensar em termos coloniais e neocoloniais – têm capacidade de negociação e constroem os seus laços económicos no interesse do seu povo, elevando o nível de vida dos cidadãos e proporcionando prosperidade”, afirmou.
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