Na conferência de imprensa de abertura das jornadas parlamentares do BE, que decorrem até terça-feira no distrito de Leiria, Catarina Martins defendeu que "não há gavetas separadas" e por isso "não há investimento público sem Orçamento do Estado, não há estratégia 2030 [fundos comunitários] sem investimento público".

O BE propõe assim que se faça no debate estratégico sobre o investimento público o mesmo que se tem feito, graças ao acordo parlamentar à esquerda, "sobre os rendimentos do trabalho" e, quando questionada pelos jornalistas sobre a abertura para dialogar com o PSD, a líder bloquista foi perentória: "O BE não sente qualquer necessidade desse diálogo".

"Se um acordo à esquerda permitiu uma recuperação de salários e pensões, algum crescimento económico e criação de emprego também só um acordo que seja com a esquerda pode permitir opções de investimento público que combatam os problemas estruturais da economia portuguesa, nomeadamente combatam os setores rentistas, o endividamento externo, a assimetria do território e o défice social que tem o nosso país", avisou.

De acordo com Catarina Martins, "o BE é o primeiro partido que tem uma opção política concreta para o investimento", defendendo uma aposta na ferrovia, proposta que aliás os bloquistas já apresentaram e estão a trabalhar no sentido de a adaptar ao que entretanto foi feito ou não foi feito.

Questionada se esta posição hoje assumida era um recado dirigido ao primeiro-ministro, António Costa, na semana em que PS e PSD se reúnem sobre fundos comunitários, o primeiro de alguns encontros previstos com vista a acordos entre os dois partidos, a líder do BE começou por afirmar que "às vezes é alimentado um certo equívoco e tenta-se acantonar o BE na política de trabalho e rendimentos".

"Mas seguramente as questões estruturais da economia não se resumem às questões de rendimento e de trabalho. O BE nunca achou que assim fosse e não é por acaso que a ferrovia foi a primeira proposta que o BE apresentou nesta legislatura e aquilo a que apelamos agora é para que o debate sobre o investimento e as infraestruturas seja feito com base em propostas políticas concretas", disse apenas.

Quando olha para as opções do investimento nos sucessivos quadros comunitários, a líder do BE salienta que "as decisões sobre esse investimento foram até agora um monopólio do bloco central, PS e PSD, feito "muitas vezes tendo em conta interesses particulares e setores privilegiados da economia".

"Não foi nunca capaz de corrigir os problemas estruturais da economia portuguesa", criticou.

Catarina Martins deu o exemplo de um dos problemas na ferrovia em Portugal com o caso que aconteceu esta manhã, no arranque das jornadas, quando o deputado do BE, Jorge Falcato, não pôde fazer a viagem entre Torres Vedras e Caldas da Rainha, na Linha do Oeste, uma vez que o comboio não tem condições para que pessoas de cadeira de rodas a ele possam aceder.

[Notícia atualizada às 14:06]