Nesta votação, pela Comissão Permanente da Assembleia da República, o deputado do PAN André Silva optou pela abstenção.
No texto aprovado, refere-se que o candidato republicano às eleições presidenciais norte-americanas de 2008 "era um militar veterano, tendo sido feito prisioneiro de guerra durante cinco anos no Vietname, de onde saiu como um verdadeiro herói para o povo americano".
"Um homem de convicções fortes e de grande frontalidade, McCain transformou-se numa figura moral do Senado e do seu partido e alguém reconhecido internacionalmente, não apenas pela sua postura na política interna americana, como também no plano externo onde procurou sempre defender os interesses fundamentais da liberdade e da democracia, discordando inclusivamente de algumas posições do seu próprio partido", lê-se no voto aprovado pelo PSD, PS e CDS-PP.
Através de declaração de voto, o PCP justificou a sua oposição ao texto apresentado pelo PSD por se "iludir o papel que, ao longo de décadas, John McCain desempenhou como arauto das guerras de agressão contra Estados soberanos e os seus povos por parte dos Estados Unidos da América e dos interesses do complexo militar-industrial que, com essas guerras, lucra milhares de milhões de dólares".
O PCP aponta ainda que McCain apoiou a invasão do Afeganistão em 2001, do Iraque em 2003, a "agressão" da NATO contra a Líbia e a guerra contra a Síria, entre outras operações militares.
"Se John McCain foi prisioneiro de guerra, durante a guerra do Vietname, aconteceu porque foi derrubado o avião que pilotava e procedia a um bombardeamento desse país", sustenta a bancada comunista, fazendo aqui referência ao uso de napalm "e outras armas químicas" por parte das tropas norte-americanas.
A declaração do PCP faz igualmente uma alusão às divergências entre o falecido senador norte-americano e o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
"O facto de que o embate que hoje divide diferentes setores da classe dirigente norte-americana tenha levado a que as cerimónias fúnebres de John McCain fossem transformadas num espetáculo mediático em nada interessa ao povo português. Nem justifica que a Assembleia da República homenageie um paladino do militarismo e da guerra, que viola os princípios da Constituição da República Portuguesa, da Carta das Nações Unidas e do Direito Internacional", defende o PCP.
Na série de votações de hoje, o PCP esteve também contra o voto de pesar apresentado pelo CDS-PP pela recente morte do empresário Pedro Queiroz Pereira - iniciativa aprovada com o apoio do PSD e PS, mas que ainda contou com as abstenções do Bloco de Esquerda e PEV.
No texto apresentado, o CDS-PP destaca as qualidades humanas e profissionais do principal acionista e presidente do Conselho de Administração do Grupo Semapa.
"Foi a sua ação que fez deste um dos principais grupos industriais portugueses - também a nível internacional através da sua atividade exportadora -, com presença nas áreas do papel e pasta de papel, cimento e ambiente".
"As qualidades humanas e profissionais e o espírito empresarial de Pedro Queiroz Pereira fizeram dele uma referência incontornável no meio industrial português, e o rigor com que geriu as suas empresas será sempre um exemplo único de liderança", refere-se no voto da autoria do CDS-PP.
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