Catarina Martins, que falava durante uma visita à feira da Senhora da Hora, em Matosinhos, afirmou que "um país que se leva a sério não pode permitir que isto esteja a acontecer".
Considerando que por causa deste tema o país "está a viver uma situação muito particular", lembrou que o negócio, que envolve 440 milhões de euros, "está a ser avaliado pelos reguladores".
É um negócio "que faz uma concentração de uma empresa de comunicações com a TDT, com uma distribuição de canais por cabo e com uma empresa de media que tem um canal de televisão, rádios e produção de conteúdos. Há aqui, portanto, um fenómeno de concentração que acho que merece toda a atenção e que terá toda a atenção", disse.
"Há uma pergunta que é preciso colocar em Portugal: se a Altice está em condições financeiras para anunciar um dos maiores negócios de sempre, como é que está a despedir mais de três mil trabalhadores na PT?", perguntou a responsável bloquista.
"Lembro que os despedimentos coletivos estão sujeitos a autorização do Ministério do Trabalho. Um despedimento coletivo é algo que pesa imenso a cada trabalhador e é uma injustiça para quem dedicou a sua vida e o seu trabalho à empresa, mas é também um enorme custo social para o país e para a Segurança Social", acrescentou Catarina Martins.
Perante a posição do Governo de não autorizar as demissões na PT, Catarina Martins entende que o que a Altice "está a tentar fazer é um despedimento coletivo utilizando outros estratagemas".
"Está a passar trabalhadores para outras empresas, sendo que algumas são do próprio Grupo Altice, para depois os despedir ou baixar salários. Ou seja, é uma situação, no mínimo, nas margens da legalidade”, afirmou a coordenadora do BE.
"O que nós dizemos é que o mesmo Governo, e bem, que recusa o despedimento de mais de três mil trabalhadores, não pode ficar a assistir a este despedimento ser feito utilizando outros estratagemas sendo que é possível, legalmente, pará-lo", alertou.
Para a coordenadora bloquista, "há que travar já os despedimentos que a Altice quer fazer" e "Portugal não pode ser a lei da selva na legislação laboral".
Prometendo iniciativas legislativas para os próximos dias sobre o tema, Catarina Martins assegurou que o BE "está concentrado nos despedimentos da PT" e lembrou que o regulador "ainda tem uma palavra a dizer".
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