“Muito entusiasmado com esta caminhada” e “orgulhoso” com os investimentos e com aquilo que tem sido feito e desenvolvido em Portugal, Michel Combes, CEO do Grupo Altice afirmou durante a conferência de imprensa que decorreu esta sexta-feira, 14 de julho, no Hotel Altis, em Lisboa, que “este é um novo passo da aventura em Portugal, que começou há dois anos com a aquisição da PT”. Combes refere-se à compra da Media Capital à Prisa, que representa “um forte projeto industrial” para o país.
Na conferência de imprensa, o CEO rejeitou comentar as declarações do primeiro-ministro, António Costa, que durante o debate parlamentar do Estado da Nação, na última quarta-feira, teceu criticas à Portugal Telecom (PT).
“Não estamos aqui para fazer política”, reforçou. “O nosso único interesse é desenvolver o negócio”, disse, realçando que se sente “bem-vindo em Portugal como investidor no país”.
A aquisição da Media Capital por parte do Grupo Altice, dono da MEO, surge num momento em que o grupo francês está debaixo de fogo em Portugal, com as críticas de António Costa sobre a redução de quadros e sobre as falhas apontadas nas comunicações durante o incêndio de Pedrogão.
“Não gostaria de comentar as palavras do primeiro-ministro”, reiterou Combes. “Estamos orgulhosos do investimento que temos feito em Portugal”, reafirmou, dando especial destaque ao que foi feito pela empresa na expansão da rede fibra e tecnologia móvel (no 4G, e os pilotos em 5G). “Estou orgulhoso do que foi feito na companhia, pelos trabalhadores e pela empresa”, acrescentou.
Investimentos no digital e internacionalização de conteúdos
Ladeado por Alain Weill, CEO da Altice Media, Paulo Neves, Chairman e CEO da Portugal Telecom, Combes sublinhou que a aquisição da Media Capital segue em linha com a estratégia de convergência que a Altice desenvolve noutros países e mercados onde opera, como França, Estados Unidos e Israel. Agora, vão “começar também em Portugal, com os melhores ativos que se possa imaginar. De um lado, a PT e do outro lado a Media Capital”, sendo que esta última é apresentada como “a número um”.
Na convergência de Telecomunicações e Media, a Altice pretende “ajudar a desenvolver e a fazer crescer o negócio, sendo que a primeira área de investimento é o digital”. A empresa quer lançar “novos canais e novos formatos para as diversas plataformas”, “usar a produtora Plural (que pertence à Media Capital) com um hub de produção de conteúdos” e “exportar os conteúdos portugueses” para os mercados onde a Altice opera, França e Estados Unidos da América, à semelhança do que já é feito dentro do grupo.
Em suma, inovação, convergência, investimentos e internacionalização são as linhas mestras do projeto da Altice para a Media Capital.
Numa conferencia que contou com a presença, na sala, de Patrick Drahi, fundador do Grupo Altice e Armando Pereira, sócio português, Combes fez questão de reforçar que conta com Rosa Cullell, administradora executiva da Media Capital, nos desafios conjuntos que se avizinham, elogiando a gestão da empresa “num contexto difícil, com as quedas de publicidade”.
Cullell, que surgiu na sala enquanto decorria a conferência de imprensa, realçou que a Media Capital tem muito a ganhar em sinergias com a Altice e fez questão de afirmar que tem “intenção de permanecer na empresa em Lisboa, na TVI e com a equipa”, mas que a manutenção “depende do novo acionista”.
Sobre o valor do negócio – aquisição de 94,7% da posição da Prisa na Media Capital por 440 milhões de euros -, o CEO da Altice defende que é um preço “justo”, aguardando, agora, a aprovação do regulador. A Altice terá ainda de lançar uma oferta pública de aquisição obrigatória para comprar o remanescente (cerca de 5%) da Media Capital, que está nas mãos da Prisa.
À margem do negócio com a Prisa, Paulo Neves, Chairman e CEO da PT Portugal, questionado pelos jornalistas sobre a saída de trabalhadores, garantiu que a empresa “não está a despedir”, antes está a dar a “oportunidade às pessoas para se transferirem para outras empresas da especialidade. Estamos a compensar as pessoas que querem sair”, reafirmou, comentando o descontentamento dos trabalhadores da PT/MEO. “O direito à greve é legítimo”, finalizou.
[Nota: O SAPO24 é a marca de informação do Portal SAPO, propriedade da MEO, detida pela Altice]
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