Convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (Sintap), a greve abrange todos os trabalhadores da saúde, exceto médicos e enfermeiros, dos serviços tutelados pelo Ministério da Saúde, como hospitais ou centros de saúde, e visa a aplicação do regime de 35 horas de trabalho semanais para todos, progressões na carreira e o pagamento de horas extraordinárias vencidas e não liquidadas.
Fazendo um balanço da greve em conferência de imprensa, em Lisboa, o dirigente sindical José Abraão disse que está a ter “um grande impacto” e a causar “perturbações significativas” no funcionamento dos estabelecimentos de saúde.
Analisando a adesão à greve por regiões, José Abraão apontou que nas ilhas Terceira, Horta e Ponta Delgada, nos Açores, rondou os 70% e 80% nos dois dias, havendo “serviços que não funcionam e urgências a funcionar muito deficientemente” porque tiveram de ser garantidos os serviços mínimos.
No Centro Hospitalar da Madeira, a greve também rondou os 70% a 80%, provocando “problemas nas consultas, nos atendimentos e na área do funcionamento administrativo”, uma situação idêntica à verificada em Faro e Portimão, no Algarve,
Já em Setúbal, Portalegre e Barreiro, a adesão foi superior à verificada no primeiro dia, subindo de cerca de 50% para 60%. Também houve mais trabalhadores a aderir hoje à greve em Viana do Castelo, o que se traduziu no encerramento de centros de saúde.
Nos hospitais de São José e Santa Maria em Lisboa, “as dificuldades são muitas”, mas, segundo os piquetes de greves, “houve trabalhadores que só aderiram à paralisação no primeiro dia”.
Onde também se verificou um crescimento “muito significativo” foi na região centro, disse José Abraão, dando como exemplo a Figueira da Foz, onde a adesão à greve ultrapassa os 90%, contra os 70% na quarta-feira.
“Nos Hospitais da Universidade de Coimbra é provavelmente uma das maiores greves de sempre, os serviços estão um caos, as dificuldades são enormes e por isso queremos pedir desculpa aos utentes por este incómodo”, salientou.
Mas, apesar do transtorno causado aos utentes, José Abraão disse que o sindicato tem recebido “muita solidariedade de cidadãos que consideram que a greve é justa”, porque percebem são pessoas que “nem ganham 500 euros e trabalham 40 horas” por semana.
No norte do país, a adesão à paralisação também é significativa. No primeiro dia de greve no Hospital de São João, apenas funcionaram três dos 11 blocos operatórios, “hoje não há nenhum a funcionar”.
Para José Abraão, “é urgente” que o Governo resolva “o problema de injustiça” destes trabalhadores: “Há seis anos começámos a negociar um acordo coletivo para resolver estes problemas e não foi possível até agora concluí-lo por consequência do horário de trabalho”.
“Também há anos andamos a tentar integrar ou criar as condições para que estes trabalhadores possam inscrever-se na ADSE”, disse, frisando que “todos estes processos têm sido sucessivamente adiados e, por esta razão”, tiveram de fazer esta greve.
Os sindicatos “não querem tudo imediatamente”, mas querem que “pelo menos as questões que motivaram esta greve” sejam resolvidas.
“Nós lutamos para negociar com resultados nem que tenhamos que nos juntar a todos, independentemente da central sindical onde os sindicatos possam estar filiados, porque o que está em causa aqui é criar as condições negociais para que se resolvam os problemas”, frisou.
José Abraão admitiu que os trabalhadores possam voltar a fazer greve este mês, caso não haja acerto de posições com o Governo em relação às suas reivindicações.
Para dia 25 de maio, está convocada uma nova greve dos trabalhadores de saúde, convocada pela CGTP.
José Abrão admitiu hoje que o Sintap, afeto à UGT, pode também fazer greve neste dia.
Blocos operatórios fechados, urgências e consultas a meio-gás em segundo dia de greve
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Blocos operatórios, centros de saúde e serviços encerrados, urgências e consultas a meio-gás são o balanço da greve de dois dias dos trabalhadores da saúde que termina hoje com uma adesão de 80%, segundo o sindicato.
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