O trânsito está a ser desviado para a EN 16 entre o nó de Pínzio, no concelho de Pinhel, e Vilar Formoso (Almeida), no distrito da Guarda. Há um corredor na A23 para passagem de ambulâncias em marcha de urgência.
“É um transtorno muito grande”, salientou José Oliveira, camionista de Paços de Ferreira em viagem para Inglaterra, que aproveitou o desvio para almoçar num restaurante no Alto de Leomil.
“As vias alternativas não estão preparadas para receber a circulação dos camiões. São estreitas, há limitação de velocidade e em alguns casos há semáforos”, apontou José Oliveira, camionista há 23 anos.
Ainda assim, destacou que as implicações não são comparáveis às que sentiu na semana passada em França.
“Apanhei muitos [bloqueios]. Uma viagem para durar dois ou três dias pode demorar cinco ou seis dias”.
A trajetória da viagem de Ricardo Montinho e Nuno Bento também foi inesperadamente alterada. Vindos de Pamplona numa deslocação em negócios, em Espanha, foram surpreendidos com a presença da GNR em Vilar Formoso e obrigados a desviar o percurso pela EN16.
“Não sabíamos o que se estava a passar. Depois é que fui ver ao telemóvel para tentar perceber o que passava e vi”, relatou Nuno Bento. O plano era chegar à empresa no Cartaxo por volta das 14:00, mas não foi possível cumprir. Decidiram parar e almoçar no Alto de Leomil_ “E não correu mal. Porque assim não comíamos uma magnífica jardineira”.
No restaurante “Solar do Côa” vive-se a azáfama da hora de servir almoços.
“Não tem nada a ver com os outros dias”, salientou Amélia Pereira. O movimento no estabelecimento regressou hoje “aos tempos antigos”, disse, com satisfação, lembrando quando a A25 ainda não desviava os clientes. Ainda mesmo sem ter terminado a hora do almoço, Amélia Pereira garantiu acreditar que hoje tenha havido um aumento de 35% na atividade.
A proprietária admitiu que se prepararam para a eventualidade de se confirmar o bloqueio, na expectativa de que isso pudesse trazer mais clientes.
“Na noite de quarta-feira, já havia pessoas de Idanha-a-Nova a deixar aqui os tratores, na zona de estacionamento”, relatou.
O protesto, uma iniciativa do Movimento Civil de Agricultores, decorre um dia depois de o Governo ter anunciado um pacote de mais de 400 milhões de euros, destinado a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC). O pacote abrange entre outras medidas à produção, no valor de 200 milhões de euros, assegurando a cobertura das quebras de produção e a criação de uma linha de crédito de 50 milhões de euros, com taxa de juro zero.
Segundo um comunicado divulgado na quarta-feira pelo movimento, os agricultores reclamam o direito à alimentação adequada, condições justas e a valorização da atividade.
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