“Ainda temos esperança, como dissemos na semana passada, que o regresso ao serviço do 737 MAX possa acontecer ainda este ano, no último trimestre de 2019, mas isto vai realmente depender da decisão que as autoridades de certificação vão tomar”, disse o responsável da empresa de aviação norte-americana à Lusa.
Antonio de Palmas falou à Lusa à margem da sessão de abertura dos AED Days, uma conferência do setor aeronáutico, espacial e de defesa português, que decorre esta semana no Taguspark, em Oeiras, distrito de Lisboa.
“Estamos a trabalhar todos os dias em conjunto para assegurar que isso [regresso ainda este ano] acontece. Nós seguiremos o que eles [as autoridades] nos disserem”, assegurou, acrescentando que “não é a Boeing que tem de decidir se tudo está pronto”, quando questionado se do lado da empresa norte-americana as modificações necessárias aos modelos já estavam concluídas.
O 737 MAX está sem voar desde há mais de sete meses, depois de dois acidentes fatais com duas aeronaves recém-adquiridas pela indonésia Lion Air e pela etíope Ethiopian Airlines.
“Nós somos muito respeitadores de todo o processo, porque é muito delicado e as decisões que têm de tomar são muito importantes”, aditou, salientando que a empresa está a fazer “tudo” para que as autoridades tenham “todos os elementos para decidir”.
Já sobre as sanções aplicadas pelos Estados Unidos à União Europeia, relacionadas com alegadas ajudas ilegais dadas pela Comissão Europeia à fabricante europeia Airbus, o representante da Boeing para o sul da Europa espera que o apoio “seja removido, porque essa seria a melhor solução para todos”.
Antonio de Palmas referia-se a um subsídio que a Boeing denomina de ‘Launch Aid’ [ajuda ao lançamento], um montante partilhado por vários estados europeus para apoiar a produção de modelos da Airbus.
“Isto não é uma decisão unilateral dos Estados Unidos, é multilateral da OMC [Organização Mundial do Comércio]. A OMC diz claramente que a ‘Launch Aid’ é ilegal”, defendeu o diretor da Boeing.
A União Europeia está a tentar convencer os juízes da OMC de que a Boeing também recebe ajudas ilegais por parte do Governo norte-americano, e ameaçou retaliar as sanções impostas pelos Estados Unidos a produtos europeus.
“Lamentamos a opção dos Estados Unidos de avançar com as tarifas. Este passo não nos deixa outra alternativa senão avançarmos também com taxas relativas ao caso da Boeing, em que se concluiu que os Estados Unidos violaram as regras da OMC”, disse a comissária europeia Cecilia Malmström, em comunicado, no dia 14 de outubro.
Relativamente ao acordo conjunto entre a Boeing e a brasileira Embraer para a criação de uma ‘joint venture’ internacional, Antonio de Palmas manifestou o seu otimismo face à presença da empresa brasileira em Portugal no contexto da nova aliança.
“A Embraer tem presença em Portugal, em Évora, que é muito significativa, e nós apreciamos muito essa capacidade”, que no caso do acordo entre as duas empresas iria fomentar “as qualificações” no país, que estaria ainda mais “conectado com o forte crescimento do mercado” da aviação.
Comentários