“É um apelo que faço a todos, a todo o Ministério Público Federal (MPF): é importante investigar, é importante fazer cumprir a lei, mas (…) se nós [Governo] estivermos num caminho não muito certo, e muitas vezes estamos a fazer algo bem-intencionados, procurem-nos para que possamos corrigir”, declarou o mandatário, citado pelo portal de notícias UOL.

“Corrigir é muito melhor do que uma possível sanção lá no futuro. Somos humanos e erramos”, acrescentou ainda o chefe de Estado.

Na abertura do seu discurso, Bolsonaro declarou que foi “amor à primeira vista” pelo novo PGR, Augusto Aras, e comparou o chefe do Ministério Público à peça da rainha num jogo de xadrez.

Apesar dos elogios tecidos a Aras, Bolsonaro frisou a necessidade de independência e separação dos poderes.

“A independência que as peças têm de ter para poder trabalhar é a garantia do sucesso no cumprimento da missão”, disse ainda Bolsonaro, numa analogia com o jogo de estratégia.

Já Augusto Aras assumiu o compromisso de zelar pela Constituição e de continuar a combater a criminalidade no país sul-americano.

“A PGR vai continuar, com maior ênfase, no combate a todo tipo de criminalidade, da macro ou da mínima, esteja em qualquer estrutura ou organização pública ou privada”, declarou o procurador-geral da República, na cerimónia de posse pública, em Brasília.

Aras destacou ainda que não há poder do Estado que esteja imune à ação do Ministério Público, reforçando que os membros da instituição devem agir de acordo com a Constituição brasileira

“O posicionamento dos procuradores deve ser firme onde quer que intervenham, respaldado no dever de balizar a sua conduta nos estritos limites que lhes foi traçado pelo poder constituinte, pelos princípios da Constituição (…)”, reforçou Aras, citado no ‘site’ da Procutadoria-Geral de República.

O recém-nomeado PGR referiu ainda a Lava Jato, maior operação contra a corrupção no país, declarando que os juízes e procuradores que atuam e atuaram na referida investigação “serão sempre lembrados pela coragem com a qual desempenharam as suas missões”.

O Senado brasileiro, assim como a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da câmara alta, aprovaram na semana passada o nome de Augusto Aras para o cargo de procurador-geral da República do país.

Ao nomear Aras no início do mês passado, Bolsonaro quebrou a tradição e, pela primeira vez em 16 anos, indicou para o cargo um nome que não constava na lista de três nomes sugeridos por votação interna dos procuradores para ocupar essa função.

Essa situação levou a várias críticas dentro do próprio Ministério Público, com procuradores a acusarem Bolsonaro de indicar Aras para servir “propósitos desconhecidos”.

Augusto Aras, de 60 anos, substitui Raquel Dodge no cargo.

Aras ingressou no Ministério Público Federal (MPF) em 1987, onde desempenhou o cargo de subprocurador-geral, tendo sido membro do Conselho Superior do MPF, procurador regional eleitoral na Bahia e representante da Procuradoria no Conselho Administrativo de Defesa Económica.