As declarações de Bolsonaro foram feitas em entrevista à rádio pernambucana Novas de Paz, num momento em que vem sofrendo duras críticas devido ao aumento do preço do gás de cozinha e dos combustíveis no país.

Contudo, o chefe de Estado isentou-se de responsabilidades por essa inflação e culpou a cobrança do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Produtos (ICMS), um imposto estadual.

“Sabe qual o imposto federal no gás de cozinha? Zero. Eu ‘zerei’ em março ou abril e mesmo assim aumentou de preço. Essas verdades é que doem para muita gente. É muito fácil (falar): aumentou a gasolina, culpa do Bolsonaro. Eu já tenho vontade de privatizar a Petrobras, tenho vontade. Vou ver com a equipa económica o que a gente pode fazer”, disse o mandatário.

“Seria bom se todo mundo ajudasse a economizar combustível, aí você iria obrigar os ‘caras’ [indivíduos] a rever o que está acontecendo, ajudaria bastante”, apelou ainda Bolsonaro.

Na semana passada, a Petrobras anunciou o reajuste de 7,2% na gasolina e no gás de cozinha. Na semana anterior, o diesel já tinha ficado 9% mais caro no país sul-americano.

Nos últimos meses, o preço do petróleo tem aumentado no mercado internacional, ainda sob efeito da pandemia, o que provocou um desajuste entre oferta e a procura do produto.

No mês passado, o ministro da Economia brasileiro, Paulo Guedes, já tinha defendido que a petrolífera Petrobras e o Banco do Brasil entrassem na “fila” de privatizações dos próximos anos.

Após a chegada do atual Governo ao poder, em janeiro de 2019, Paulo Guedes, um economista liberal, elaborou uma lista com pouco mais de 100 empresas estatais que pretende transferir para o setor privado.

No entanto, esses planos têm colidido com o pouco interesse dos investidores, que foi agravado pela pandemia de covid-19, e alguma resistência do Congresso, que tem de autorizar a privatização de algumas das empresas.

Apesar de Guedes e o Presidente defenderem agora a privatização da Petrobras, maior empresa do Brasil, Jair Bolosnaro chegou a afirmar, na campanha eleitoral de 2018, que “não gostaria” de ver a petrolífera estatal privatizada.

Na ocasião, declarou que a medida só seria feita “se não houver solução”.

A própria Petrobras tem em curso um ambicioso plano de desinvestimentos, com o qual a petrolífera pretende reajustar o seu tamanho e a sua enorme dívida, concentrando-se em atividades mais estratégicas e rentáveis, como a exploração de petróleo e gás nas gigantescas reservas que detém em águas muito profundas do oceano Atlântico.