O vice-presidente da APBV, João Marques, disse à agência Lusa que o pedido de reunião ao ministro surge após Eduardo Cabrita ter afirmado que vai falar diretamente com os bombeiros para a resolução da situação gerada em torno da reforma da proteção civil.

Nesse sentido, sustentou, que esta associação representativa dos bombeiros voluntários deve ser ouvida com “carácter de urgência” para apresentar os seus contributos no reconhecimento e valorização da classe.

João Marques sublinhou que a APBV “nunca foi ouvida por este ministro” no âmbito da nova reforma da área da proteção civil, frisando que o “diálogo tem de ser feito” com todas as estruturas e que “o Governo não está a ser leal com os bombeiros”.

O vice-presidente da APBV disse também que a associação não contesta a decisão da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) de suspender toda a informação operacional aos Comandos Distritais de Operações de Socorro (CDOS), apesar de não estar envolvida nesta medida.

Segundo João Marques, os bombeiros voluntários atingiram uma situação de “rutura” e existe “um desagrado em larga escala”.

Depois de a LBP ter anunciado a suspensão de toda a informação operacional aos CDOS a partir das 00:00 de domingo, Eduardo Cabrita considerou a decisão de ilegal e que coloca em causa a segurança das pessoas ao afetar a coordenação de meios de resposta.

Em reação, a LBP, que reivindica uma direção nacional de bombeiros “autónoma independente e com orçamento próprio”, um comando autónomo de bombeiros e o cartão social do bombeiro, reiterou que a prestação do socorro não está em risco.

A posição da LBP é justificada com as propostas aprovadas na reunião de Conselho de Ministros de 25 de outubro, na área da proteção civil, com a maior contestação centrada nas alterações à lei orgânica da Autoridade Nacional de Emergências e Proteção Civil, futuro nome da atual Autoridade Nacional de Proteção Civil.

A Associação Portuguesa de Bombeiros Voluntários considerou ainda que devem ser também colocadas como prioridades medidas “concretas que valorizem, reconheçam e incentivam ao voluntariado” nos corpos dos bombeiros.

Esta associação representa cerca de 4.000 bombeiros voluntários, segundo a APBV.

Contactado pela Lusa, o presidente da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais considerou “legitima a reivindicação”, mas sublinhou que os bombeiros voluntários “podem sair prejudicados desta guerra, uma vez que a LBP não representa os bombeiros voluntários, mas sim as associações e os comandantes”.

Fernando Curto contestou o facto de se estar a “meter os bombeiros voluntários numa reivindicação que é de uma entidade patronal”.