“Do ponto de vista da Proteção Civil, consideramos que a operação está encerrada”, disse o presidente da ANPC, Mourato Nunes, numa conferência de imprensa no quartel dos Bombeiros de Borba, esta tarde.

Segundo o responsável, que falava depois de ter sido recuperado o corpo da quinta vítima mortal do deslizamento de terra e derrocada de um troço da estrada 255 para pedreiras locais, concretizado esta manhã, “nunca” se pode dizer que “está bem encerrada” uma operação desta natureza, com vítimas.

“Quando há vítimas, uma operação” destas “nunca é um êxito”, mas, “face às circunstâncias, que já sabíamos que havia vítimas, e face àquilo que era possível fazer num espaço temporal o mais curto possível e sem provocar a ocorrência de mais vítimas, eu direi que foi feito tudo aquilo que podia e devia ser feito”, realçou.

Questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de existirem mais vítimas do acidente, o presidente da ANPC argumentou que “garantias absolutas não existem”, mas tal é “praticamente impossível”.

“O que há é a probabilidade elevadíssima de que recolhemos todos os corpos, todas as vítimas que estavam na pedreira, face às descrições que temos, que não são muitas, mas são as possíveis”, frisou.

Esta manhã, no 13.º dia da operação de socorro em Borba, devido ao deslizamento de terra e colapso de um troço da estrada municipal 255 para o interior de duas pedreiras contíguas, no dia 19 de novembro, o dispositivo da Proteção Civil retirou da água a segunda viatura que se encontrava submersa.

O corpo do único ocupante do veículo, o de um homem, de 85 anos, de Alandroal, encontrava-se no interior e teve de ser desencarcerado, tendo sido transportado para os serviços de Medicina Legal em Évora, para autópsia, disseram à agência Lusa fontes da Proteção Civil e da GNR.

O presidente da ANPC explicou que esta segunda viatura já tinha sido detetada ao final do dia de sexta-feira, graças aos equipamentos remotos da Marinha, e que decorreu hoje “uma operação muito meticulosa, muito complexa” para a retirar e resgatar “o corpo da última vítima”, ou seja, daquela que se pensa “que seja, de facto, a última vítima que estava dentro da pedreira”.

Segundo Mourato Nunes, ao nível da Proteção Civil, “não há razão para continuar a drenagem da água da pedreira mais profunda, mas decorrem “estudos e análises” por parte da Câmara de Borba e de “outros organismos que têm responsabilidades inspetivas nesta área”, cabendo a estas entidades a decisão de prosseguirem ou não com a operação.

Elogiando os “13 dias de trabalho muito profícuo” e “em rede” que envolveu “todos os agentes da Proteção Civil, assim como outros organismos, o presidente da ANPC frisou que, “nesta operação nada foi fácil” e teve uma “dimensão ciclópica”, mas “era importante”, sem colocar em risco a segurança dos operacionais, recuperar os corpos das vítimas e “entregá-los às famílias”.

O deslizamento de um grande volume de rochas, blocos de mármore e terra e o colapso de um troço de cerca de 100 metros da estrada municipal 255, entre Borba e Vila Viçosa, para o interior de duas pedreiras contíguas ocorreu no dia 19 de novembro às 15:45, provocando a morte de dois operários e a queda de dois veículos automóveis que circulavam na via, de que resultaram três vítimas mortais.

Os corpos dos dois trabalhadores da empresa de extração de mármores da pedreira que estava ativa foram os primeiros a ser recuperados: o maquinista da retroescavadora, de 50 anos, no dia seguinte ao acidente e o auxiliar da máquina pesada, de 57 anos, no dia 24.

Esta sexta-feira, foi retirada do plano de água da pedreira mais profunda, que estava sem atividade, a primeira viatura, sendo recuperados os corpos dos dois ocupantes, a terceira e quarta vítimas mortais: dois homens, cunhados, de 37 e 53 anos.

No teatro de operações estiveram empenhados 651 operacionais e 402 veículos, da ANPC, dos agentes de proteção civil (APC) e de várias entidades públicas e privadas, comandados pelo Comandante Operacional Distrital de Évora, José Ribeiro.

A ANPC enalteceu "o elevado grau de resiliência e especialização dos meios operacionais de resgate dos vários APC, em especial dos Corpos de Bombeiros, da Força Especial de Bombeiros da ANPC e do Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro da GNR, bem como o excecional entrosamento e cooperação entre todos verificado ao longo desta delicada e demorada operação".

O Ministério Público instaurou um inquérito para apurar as circunstâncias do acidente, dirigido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Évora, e duas equipas da Polícia Judiciária procedem a averiguações.

O Governo pediu uma inspeção urgente ao licenciamento, exploração, fiscalização e suspensão de operação das pedreiras situadas na zona de Borba.

(Notícia atualizada a 02/12/2018 às 14:38)