O Brexit pode estar a ser visto como uma medida de isolamento do Reino Unido. Mas Boris Johnson, o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, propõe reforçar a ligação entre o país e o seu vizinho oriental: a França. Para isso, Johnson anunciou a ideia de construir uma ponte de 35 quilómetros para atravessar o Canal da Mancha.

O assunto terá sido discutido com o presidente francês, Emmanuel Macron, na cimeira franco-britânica que acontece por estes dias. Johnson terá dito, segundo cita o jornal britânico ‘The Guardian’, que é “ridículo” duas das maiores economias do mundo estarem ligadas apenas por uma linha ferroviária.

Atualmente, o Canal da Mancha, extensão de mar que separa as ilhas britânicas do continente europeu, é atravessado apenas por um túnel ferroviário e por serviços marítimos.

O mesmo jornal diz que Macron terá reagido positivamente à ideia. Johnson publicou uma mensagem na rede social Twitter onde diz estar “contente por estar a desenvolver um grupo de especialistas que, juntos, vão olhar para grandes projetos. O nosso sucesso económico depende de uma boa infraestrutura e de boas ligações. Deverá o Túnel do Canal ser um primeiro passo?”

Não é a primeira vez que o ex-presidente da autarquia de Londres defende a ideia de construir uma nova ligação ao continente. Porém, o agora ministro dos Negócios Estrangeiros de May está a ponderar a possibilidade de construir de uma ponte, dando como exemplo algumas obras japonesas.

No ano passado, um livro revelava que Johnson queria mesmo a construção de um túnel a ligar o Reino Unido a França, como forma de reforçar as relações entre os dois países após o Brexit. Contudo, essa ideia terá sido abandonada com a ajuda de um antigo conselheiro, Will Walden.

Diz o ‘Guardian’ que Boris Johnson tem propalado projetos ambiciosos, alguns dos quais que não se concretizaram, ou não tiveram os resultados esperados.

Enquanto presidente da câmara da capital britânica, Johnson inaugurou um teleférico no valor de 60 milhões de libras (cerca de 68 milhões de euros).

Para além disso, Boris Johnson queria também construir um aeroporto no estuário do rio Tamisa, que atravessa Londres, num projeto que ficou conhecido como “Ilha Boris”. A ideia, porém, foi vista como pouco prática e mais cara do que a expansão do aeroporto de Heathrow.

O referendo sobre a presença do Reino Unido na UE, realizado em 23 de junho de 2016, registou 52% de votos a favor da retirada, contra 48% a defenderem a permanência.

O antigo primeiro-ministro Tony Blair e outros políticos pró-UE da oposição apelaram à realização de um segundo escrutínio, argumentando o facto de os britânicos não terem conhecimento, no momento da votação, de todas as implicações de uma saída do Reino Unido da União. As sondagens mostram que os britânicos continuam muito divididos.

Esta eventualidade foi excluída pela primeira-ministra conservadora, Theresa May