Dirigindo-se aos eurodeputados na cidade francesa de Estrasburgo, num debate sobre “o ataque sem precedentes do Irão contra Israel, a necessidade de desanuviar a escalada e a resposta da UE”, Josep Borrell lembrou que na passada segunda-feira os ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27, reunidos no Luxemburgo, chegaram a acordo político sobre o alargamento das atuais sanções a Teerão, mas enfatizou que essa não pode ser a única via.
“De tempos em tempos as pessoas pedem algo que já temos – nós temos um regime de sanções contra o Irão por fornecer drones à Rússia. Pois bem, este regime agora pode ser usado também para sancionar o fornecimento de tais armas e outras no Médio Oriente e na região do Mar Vermelho”, apontou o Alto Representante da UE para a Política Externa e de Segurança.
Admitindo que “as sanções são uma ferramenta importante” e a UE tem-nas usado “para enviar uma clara mensagem ao Irão relativamente a atividades perigosas de proliferação com o objetivo de desestabilizar a região”, Josep Borrell ressalvou que “as sanções por si só não são uma política, as sanções são ferramentas de uma política”.
“As sanções isoladas não vão dissuadir o Irão, isso deveria ser evidente após anos e anos de sanções internacionais. O Irão é, juntamente com a Coreia do Norte, o país mais sancionado do mundo. As sanções sozinhas não podem resolver o risco de escalada”, argumentou, defendendo então que se deve privilegiar a diplomacia.
“A ação diplomática tem de ser igualmente importante. Penso que este é o momento para a diplomacia, o momento de aplicar os máximos esforços diplomáticos, atuar para tentar apaziguar a situação e pedir a todos que façam a sua parte”, advogou.
O chefe da diplomacia europeia enfatizou que “a UE e os seus Estados-membros estão em contacto com atores chave, porque a UE mantém canais abertos com todas as partes”, assinalando que ele próprio está “regularmente em contacto com o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, para lhe expressar o quão deploráveis são estes ataques e alertar para o risco de um conflito regional alargado”, assim como manteve contactos com Israel a pedir que “mostrem contenção”, e também com os países árabes do Golfo, “para usarem a sua influência”.
A terminar, Borrell congratulou-se por os ataques terem aparentemente abrandado, mas advertiu que “a situação permanece instável e perigosa”.
Na segunda-feira, no final de um Conselho de Negócios Estrangeiros da UE no Luxemburgo, Borrell anunciou que a União Europeia tinha concordado em alargar as sanções existentes contra o Irão em relação aos drones para abranger os mísseis e a sua potencial transferência para os grupos aliados de Teerão no Médio Oriente ou para a Rússia.
A reunião conjunta de ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa teve lugar pouco mais de uma semana depois de o Irão ter lançado o seu primeiro ataque direto com drones e mísseis em território israelita.
Este ataque seguiu-se a um ataque aéreo, em 01 de abril, atribuído a Israel, que destruiu um anexo consular de Teerão em Damasco e matou sete membros dos Guardas da Revolução, o exército ideológico da República Islâmica, incluindo dois generais.
O exército israelita afirmou que a grande maioria dos mais de 300 mísseis e drones disparados pelo Irão em 13 e 14 de abril foram abatidos – com a ajuda dos Estados Unidos e de outros aliados – e que o ataque causou apenas danos mínimos.
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