A informação foi confirmada à Lusa por fontes da Chancelaria argentina em Buenos Aires e celebrada em Caracas pela líder opositora, María Corina Machado.
“Agradecemos ao Governo do Brasil pela sua disposição de assumir a representação diplomática e consular da República Argentina na Venezuela e a proteção da sua sede e residência, assim como a integridade física dos nossos companheiros asilados naquela residência. Isso poderia contribuir para avançar num processo de negociação construtiva e efetiva como a que o Brasil apoiou”, publicou Maria Corina Machado nas redes sociais.
A responsabilidade que o Brasil assume a pedido do Presidente argentino, Javier Milei, visa garantir os direitos de cidadãos argentinos e de firmas de capitais argentinos em território venezuelano, proteger os seis venezuelanos asilados na residência diplomática argentina e intermediar entre a Venezuela e a Argentina, que ficaram sem um canal de diálogo direto após o regime de Maduro expulsar do país os diplomatas argentinos.
A custódia do Brasil sobre os asilados políticos deverá ser provisória até que um terceiro país aceite receber esses membros da equipa de María Corina Machado refugiados na Embaixada da Argentina desde 20 de março.
Na segunda-feira (29), o regime de Maduro deu um ultimato para que todos os diplomatas argentinos abandonassem o país em 72 horas, mas não permitiu que os refugiados venezuelanos partissem juntamente com os diplomatas expulsos.
“Dada a total falta de garantias, sem proteção da liberdade ou da integridade física dos nossos requerentes de asilo, a República Argentina alerta sobre as consequências desta situação. Apelo à solidariedade de todos os países para que colaborem com os esforços diplomáticos e com a proteção dos requerentes de asilo. A Argentina solicita à comunidade internacional que se esforce pelo cumprimento das normas internacionais que regem as relações diplomáticas entre os Estados”, pediu a ministra argentina das Relações Exteriores, Diana Mondino, na quarta-feira à noite num discurso numa sessão de emergência da Organização dos Estados Americanos (OEA), onde a situação na Venezuela foi tratada.
Enquanto os asilados venezuelanos continuarem sem um salvo-conduto, o Brasil poderá erguer uma bandeira brasileira na Embaixada argentina, dando-lhe caráter diplomático, apesar da ausência de diplomatas argentinos.
Esta não é a primeira vez que o Brasil representa os interesses diplomáticos da Argentina. Em 1982, quando a Argentina e a Inglaterra romperam relações no contexto da Guerra das Malvinas, o Brasil assumiu a representação argentina em Londres, criando a Seção de Interesses Argentinos na Embaixada do Brasil, onde um diplomata argentino atendia os seus cidadãos.
Apesar do pedido da Argentina, o presidente Javier Milei criticou os presidentes de Brasil, Colômbia e México por não condenarem o regime de Nicolás Maduro no Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) reunido nesta quarta-feira (31) em Washington.
Maduro reclamou vitória nas eleições presidenciais de domingo passado, após um escrutínio contestado pela oposição, que acusa o regime de fraude.
Por um voto, não passou na sessão da OEA uma resolução condenando a alegada fraude eleitoral, com abstenções do Brasil e Colômbia. A resolução recolheu 17 votos a favor, 11 abstenções e cinco países estiveram ausentes.
Milei acusou os presidentes Lula, Gustavo Petro (Colômbia) e Andrés Manuel López Obrador (México) de serem cúmplices de Nicolás Maduro.
“Alguns imbecis acusaram-me de ser louco por ver comunismo em todos os lados. Fica claro que esses são cúmplices, por serem ignorantes e/ou estúpidos”, escreveu Milei nas redes sociais.
por Márcio Resende, da agência Lusa
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