Em manifestação com a presença de mais de duas centenas de pessoas, os ativistas gritaram "A democracia foi atacada", "Brasil vive uma ditadura", "Lula da Silva tem de ser libertado", "Os Fascistas e Golpistas não passarão", "Ex-Presidente é um preso político", "Somos todos Lula" e "Sempre em defesa dos Valores de abril em Portugal e no Brasil".

A ativista Samara Azevedo, do Coletivo Andorinha, afirmou à agência Lusa que os brasileiros, mesmo os que residem na capital de Portugal, "têm de lutar e resistir pela liberdade de Lula", sublinhando que a condenação de Lula foi feita sem provas, atropelando o Direito constitucional de recorrer em liberdade".

A condenação de Lula, a 12 anos e um mês de prisão, "não foi baseada em provas, mas em convicções e delações tendenciosas, tornando-se um processo infinitamente mais político do que jurídico, com claro objetivo de interferir nas eleições presidenciais deste ano".

"Foi uma condenação para tentar salvar a prática de um programa de Governo não aprovado nas urnas, iniciado pela ascensão golpista de Michel Temer", consideoru Samara Azevedo.

A ativista do Coletivo Andorinha referiu que a prisão de Lula foi realizada porque "o plano" de Temer "estava em risco, porque, mais uma vez, ia ser derrotado nas eleições, “pois Lula se apresentava com larga liderança" em todas as sondagens.

"O momento exige unidade e coordenação na luta pela democracia no Brasil, tanto a nível nacional como internacional", afirmou Samara Azevedo, acrescentando que "o poder político passou a atuar como agente político, relegando sua razão de existência imparcial".

Isabel Moreira, deputada do Partido Socialista, associou-se à manifestação e considerou que "o que se pretende é por em causa o processo eleitoral" com a prisão de Lula.

"Depois da ditadura militar, o Brasil está a viver outra ditadura e a prisão de Lula da Silva é ilegal e inconstitucional", vincou.

Joana Mortágua, do Bloco de Esquerda, notou que se deve continuar "a lutar para mostrar que não há medo e até que Lula seja libertado", enquanto Rita Rato, do Partido Comunista Português, expressou "solidariedade com o povo brasileiro, pela defesa da democracia no Brasil e também das conquistas sociais".

O dirigente da formação política brasileira Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Moisés Bonifácio, anunciou que, na terça-feira, oito governadores de Estados no nordeste brasileiro estarão em Curitiba, para visitar Lula da Silva.

"Defendemos o direito de Lula da Silva ser candidato a Presidente do Brasil", afirmou Bonifácio, elemento do PSOL, partido que foi formado por dissidentes do Partido dos Trabalhadores (PT), a que pertence Lula da Silva.

Na madrugada de quinta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) negou um ‘habeas corpus’ apresentado pela defesa de Lula da Silva, que visava evitar a sua prisão antes de se esgotarem os recursos na Justiça.

Na sequência da decisão do STF, o juiz federal Sérgio Moro decretou a prisão de Lula da Silva e deu como prazo a tarde de sexta-feira para o ex-Presidente brasileiro se apresentar voluntariamente à Polícia Federal na cidade de Curitiba, no Estado do Paraná, sul do Brasil.

No sábado, quase 26 horas depois do prazo dado pelo magistrado, Lula da Silva saiu a pé, rodeado de seguranças, do Sindicato dos Metalúrgicos onde se encontrava desde quinta-feira, em São Bernardo do Campo, no Estado de São Paulo, para se entregar à Polícia Federal (PF).

Luiz Inácio Lula da Silva, 72 anos, foi o 35.º Presidente do Brasil (2003-2011) e é o primeiro ex-chefe de Estado condenado por um crime comum.