“Tenho visto que a cultura brasileira, pelas mãos do mercado, tem chegado a Portugal, mas a cultura portuguesa tem chegado pouco ao Brasil e penso que isso é muito ruim para os dois países. Acho que podemos, a partir de uma política pública efetiva para isso, aumentar, intensificar e acelerar este fluxo de trocas culturais entre os dois países”, declarou à Lusa o ministro.

O ministro referiu ainda que é preciso ainda “fazer chegar (esta troca) aos demais países de língua portuguesa e, porque não, ao resto do mundo”.

Sérgio Sá Leitão falou à margem da conferência “Horasis — The Global Visions Community”, que se realiza em Cascais, arredores de Lisboa, até a terça-feira.

Na terça-feira, Sá Leitão vai reunir-se com o seu homólogo português, Luís Filipe de Castro Mendes.

“Eu penso que o ministro Luís Filipe tem um conjunto de ideias e sugestões e, obviamente, estamos abertos a ouvi-las e a avaliá-las. Nós também temos algumas sugestões”, referiu.

“O objetivo central deste encontro é o meu desejo, é o desejo dele, e acho que é uma necessidade do ponto de vista dos dois países, que possamos não só no nível do discurso, mas concretamente aprofundar a relação cultural e o fluxo cultural entre Brasil e Portugal”, declarou.

Para o governante brasileiro, é preciso “trabalhar juntos nesta ideia de conteúdo cultural, conteúdo artístico e conteúdo criativo em língua portuguesa”, devendo também intensificar as trocas entre os dois países com os demais de língua portuguesa e, ainda, “pensar no mercado global”, disse.

Sá Leitão declarou que o Brasil está a iniciar este ano as comemorações dos 200 anos da independência do Brasil (que ocorreu a 07 de setembro de 1822), sendo algo que irá se intensificar ao longo do tempo até 2022.

“Vou compartilhar com o ministro Castro Mendes como estamos a trabalhar isso e vamos procurar ver de que maneira como Portugal pode se juntar a nós. Acho importantíssimo que esta comemoração se dê com uma presença muito ativa de Portugal, pelas raízes históricas, pelos elos todos que nos unem, que estão bem representados por este episódio da independência do Brasil”, indicou.

Este ano, segundo o ministro já há uma exposição que vai focar “o legado de D. João VI (…) integrando a programação oficial”.

“Outra proposta que vou levar ao ministro, que estamos acalentando no Ministério há algum tempo, é a criação de um festival cultural de língua portuguesa que envolva artes cénicas, cinema, música e outras áreas, mas que seja realmente um grande festival, que possam acontecer no Brasil e em Portugal, reunindo não só artistas brasileiros e portugueses, mas também de outros países de língua portuguesa”, disse.

Para o ministro, outra área “importantíssima” que pode aprofundar muito a colaboração entre os dois países são “justamente as relações entre as instituições culturais e agentes privados, que não tem necessariamente passar pelos governos”.

“Outra área que poderíamos trocar muito é sobre o património histórico, nomeadamente sobre a restauração deste património”, referiu, acrescentando que Portugal tem muito a oferecer neste campo e ainda que “o uso sustentável do acervo do património histórico é fundamental”.