“Aqueles que tentam não ouvir a vontade das maiorias, atentam contra a democracia e merecem não só uma sanção legal, mas também a rejeição absoluta da comunidade internacional. Como presidente da CELAC e do Mercosul, alerto os países-membros para que nos unamos contra esta inaceitável reação antidemocrática que se tenta impor no Brasil”, advertiu o Presidente argentino, Alberto Fernández.

O chefe de Estado falava, através das redes sociais, também enquanto líder temporário da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC), fórum que reúne os 33 países das duas regiões, e do Mercosul, bloco formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.

Em 23 de janeiro, o Presidente brasileiro Lula da Silva estará na capital argentina para inaugurar, com uma reunião bilateral, as suas viagens internacionais. No dia seguinte, reúnem-se também em Buenos Aires os líderes dos 33 países da CELAC. O ataque às instituições democráticas brasileiras deve ser o assunto central do debate regional.

“Quero expressar o meu incondicional apoio e do povo argentino a Lula perante esta tentativa de golpe de Estado. Estamos juntos do povo brasileiro para defender a democracia e para não permitir nunca mais o regresso dos fantasmas golpistas que a direita promove”, acusou Alberto Fernández, convocando os países latino-americanos a uma reação em conjunto.

“Demonstremos com firmeza e com união a nossa total adesão ao Governo eleito democraticamente pelos brasileiros, liderado pelo Presidente Lula”, pediu Fernández.

Em linha com as palavras do seu presidente, a CELAC comunicou o seu apoio ao Governo do Presidente Lula da Silva perante as ações violentas contra os três poderes brasileiros.

“A presidência ‘pro tempore’ da CELAC manifesta o seu apoio ao Governo Lula, eleito pelo povo do Brasil, e rejeita as ações violentas contra as instituições democráticas brasileiras”, posicionou-se o fórum regional, criado para incluir Cuba nas discussões regionais e, ao mesmo tempo, excluir a influência dos Estados Unidos da América, dominante na Organização dos Estados Americanos (OEA).

Nesse sentido, o Presidente da Colômbia, Gustavo Petro, também convocou uma “urgente reunião da OEA” para repudiar a “tentativa de golpe” no Brasil, promovida pelo “fascismo”.

“Toda a minha solidariedade ao povo do Brasil. O fascismo decidiu dar um golpe. É hora urgente para uma reunião da OEA se quiser continuar viva como instituição e aplicar a carta democrática”, disse, nas redes sociais, o Presidente colombiano, recordando que o seu Governo “defendeu fortalecer o sistema interamericano de Direitos Humanos”, diante dos “golpes parlamentários ou golpes violentos da extrema-direita”.

O Presidente do Chile, Gabriel Boric, classificou como “covarde e vil o ataque à democracia” no Brasil.

“Inapresentável ataque aos três poderes do Estado brasileiro por parte de ‘bolsonaristas’. O Governo do Brasil conta com todo o nosso apoio perante este covarde e vil ataque à democracia”, anunciou Gabriel Boric, através das redes sociais.

O Presidente do Equador, Guillermo Lasso, um governante de direita, também condenou “as ações de vandalismo contra as instituições” e que “atentam contra a ordem democrática e contra a segurança da cidadania”.

“Expresso o meu apoio ao regime de Lula, legalmente constituído”, manifestou Lasso.

Para o Presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, os “atos violentos e antidemocráticos” no Brasil visam “gerar caos” para permitir uma intervenção militar contra a “vontade popular”.

“Vemos com espanto e preocupação as ações empreendidas por grupos fascistas e de extrema-direita, que, incentivados por seus líderes dentro e fora do país, tentam ignorar o resultado das eleições democráticas de outubro passado e buscam ameaçar a paz social e a política do povo irmão brasileiro, seu Governo e toda a região”, afirmou o executivo de Nicolás Maduro, em comunicado.

O Governo venezuelano expressou “sua solidariedade ao povo” do Brasil, “seu Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva” e “confia que as Forças Armadas brasileiras defendam seu compromisso com a Constituição e não se entreguem a aventuras golpistas”.

O Presidente brasileiro decretou a intervenção federal em Brasília depois de centenas de apoiantes do ex-presidente Jair Bolsonaro terem invadido e vandalizado o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF), sedes dos poderes legislativo, executivo e judicial.

Os manifestantes, que furaram as barreiras de proteção da polícia, pedem uma intervenção militar para derrubar o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, uma semana após a sua tomada de posse.

A Polícia Militar conseguiu, entretanto, recuperar o controlo da sede do STF e o chefe de Estado brasileiro prometeu que todos os responsáveis pelas invasões serão punidos.