“Na nossa visão, o G20 pode e deve desempenhar um papel fundamental para a redução das tensões internacionais, bem como um avanço da agenda de desenvolvimento sustentável”, afirmou o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, no discurso de abertura da reunião na cidade brasileira do Rio de Janeiro.
O chefe da diplomacia brasileiro, país que assumiu a presidência do G20 em 1 de dezembro de 2023, afirmou não ser “aceitável que o mundo ultrapasse a marca de 2 biliões de dólares em gastos militares, enquanto os programas de ajuda e assistência ao desenvolvimento arrecadam apenas 60 mil milhões de dólares no total, equivalente a menos de 3% dos gastos com Defesa”.
“Sem paz e cooperação, será impossível alcançar a prometida mobilização em larga escala e a captação de recursos necessários para enfrentar as ameaças existenciais, especialmente em termos de combate à pobreza e desigualdade e proteção do meio ambiente”, sublinhou.
Mauro Vieira deixou ainda críticas aos organismos internacionais e à “inaceitável paralisia do Conselho de Segurança da ONU em relação aos conflitos em curso”.
À margem da reunião, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, defendeu também reformas na governança global e afirmou estar-se a assistir a “uma degradação das instituições” internacionais.
“Estamos a assistir a uma degradação das instituições”, disse, numa posição em linha com a do Governo brasileiro, que considerou como uma das suas prioridades para a presidência do G20 a necessidade de reformas nas instituições de governança global, como nas Nações Unidas, Organização Mundial de Comércio e bancos multilaterais.
A ouvir o discurso de Mauro Viera estavam, entre outros, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Lavrov.
Esta é a primeira vez que Blinken e Lavrov se encontram desde a morte na prisão, na semana passada, do líder da oposição russa Alexei Navalny.
Blinken chegou ao Rio de Janeiro na quarta-feira, depois de se ter encontrado com o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília, e na quinta-feira viajará para Buenos Aires para se encontrar com o Presidente argentino, Javier Milei.
Por outro lado, Lavrov chegou ao Brasil depois de visitar Cuba e Venezuela, onde se reuniu com Miguel Díaz-Canel e Nicolás Maduro.
O Brasil, que assumiu a presidência do G20 a 1 de dezembro de 2023, é o anfitrião do encontro de dois dias que reúne no mesmo espaço os máximos responsáveis diplomáticos das 20 maiores economias do mundo, como o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, o chanceler russo, Sergei Lavrov, mas também o Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e e Vice-Presidente da Comissão Europeia, Josep Borrell, os responsáveis da União Africana, autoridades dos países convidados da presidência brasileira, como o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Gomes Cravinho, e representantes de doze organizações internacionais.
O secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Zacarias da Costa, marca presença a convite do Brasil, assim como Angola, que se faz representar pelo ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano. O dia hoje está reservado para as discussões sobre a atual situação mundial, incluindo as guerras na Ucrânia e em Gaza.
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