Num comunicado de imprensa, o PCP defende que a vitória do candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro constitui "um gravíssimo desenvolvimento da ofensiva contra os direitos dos trabalhadores e do povo brasileiro, corporizado num programa de intensificação da exploração e ataque aos direitos sociais, de agressão às liberdades e à democracia".
Está em curso um programa "de abdicação da soberania nacional e subordinação ao imperialismo, de promoção de valores profundamente reacionários e de imposição de um poder de cariz ditatorial no Brasil", acrescentam os comunistas.
Segundo o PCP, "este resultado é inseparável da sistemática ação de branqueamento dos reais objetivos e de apoio à candidatura de Bolsonaro promovida pelos grandes meios de comunicação social - incluindo em Portugal - e através das redes sociais".
A candidatura vencedora conta com o apoio "dos grandes grupos económicos e financeiros, do grande latifúndio e dos setores mais retrógrados e golpistas pela degradação da situação no Brasil", referem os comunistas.
Neste contexto, o PCP "apela ao fortalecimento da solidariedade com as forças democráticas e progressistas brasileiras, com os trabalhadores e o povo brasileiro e a sua luta para retomar e aprofundar o caminho de progresso social, de desenvolvimento soberano, de cooperação e de paz aberto em 2002 com a eleição de Lula da Silva como Presidente do Brasil".
Os comunistas portugueses saúdam os seus camaradas brasileiros "e as demais forças democráticas e progressistas brasileiras que convergiram na candidatura de Fernando Haddad e Manuela D'Ávila" e o seu "expressivo e importante resultado obtido, em condições extraordinariamente difíceis".
De acordo com o PCP, esse resultado "é, em si mesmo, um valor para continuar a enfrentar com determinação a ameaça fascista e defender a democracia".
Os comunistas enquadram estas eleições presidenciais "na sequência do golpe de Estado institucional que destituiu a legítima Presidente Dilma Rousseff em 2016 e da prisão arbitrária e do impedimento da candidatura de Lula da Silva".
O candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro (PSL) venceu hoje a segunda volta das eleições presidenciais brasileiras, registando 55,6% dos votos quando estavam 92,08% das secções de voto apuradas, sendo eleito Presidente da República Federativa do Brasil.
A segunda volta das eleições presidenciais no Brasil foi disputada entre Jair Bolsonaro, de 63 anos, capitão do Exército na reserva e deputado federal há 27 anos que passou por diversas forças políticas e este ano se filiou no PSL, e Fernando Haddad, de 55 anos, professor universitário, do PT, que foi ministro da Educação nos governos de Lula da Silva e Dilma Rousseff e prefeito de São Paulo.
Jair Bolsonaro, que elogia o período de ditadura militar no Brasil e se declarou "favorável à tortura", tinha sido o candidato mais votado na primeira volta das presidenciais brasileiras, no dia 07 de outubro, com cerca de 46% dos votos, e liderou sempre as sondagens contra o seu adversário Fernando Haddad na segunda volta.
Haddad foi indicado como candidato do PT à presidência há um mês e meio, após o antigo Presidente Lula da Silva, que cumpre pena de prisão de doze anos, condenado por corrupção passiva e branqueamento de capitais, ter sido impedido pelo Tribunal Superior Eleitoral de se recandidatar nestas eleições.
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