A taxa de atendimento de crianças e jovens nas escolas brasileiras aumentou 4,7 pontos percentuais entre os anos de 2005 e 2015, atingindo 94,2% da população, mas foi considerada insuficiente pela ONG que projetava um atendimento de 96,3%.
O estudo determinou que o crescimento na taxa de atendimento das escolas foi puxado, especialmente, por um aumento na percentagem de crianças com idade entre 4 e 5 anos matriculadas, que passou de 72,5% para 90,5% no período de referência do estudo.
Já a taxa de atendimento dos brasileiros com idade entre 6 e 14 anos ficou em 98,5% em 2015, resultado que indica um crescimento de apenas 1,8 pontos percentuais na comparação com o número registado em 2005. “Embora [a educação] seja tida como universalizada no Brasil, ainda temos 430 mil crianças e jovens dessa faixa etária fora da escola”, observou-se no levantamento.
Outro alerta sublinhado pela Todos Pela Educação diz respeito ao crescimento muito tímido da percentagem de atendimento de alunos brasileiros com idade entre 15 e 17 anos, que passou de 78,8% em 2005, para 82,6%, em 2015.
“Isso significa que 1.543.713 jovens deveriam estar matriculados, mas não estão. Além disso, embora a percentagem dos que não estudam nem trabalham tenha diminuído entre 2005 e 2015 (de 11,1% para 10,7%), em números absolutos o valor ainda é alto: 974.224, em 2015, face a 1.126.190, em 2005″, diz o relatório.
Priscila Cruz, presidente executiva da Todos Pela Educação, avaliou que o avanço nas percentagens de alunos matriculados no Brasil precisa ser visto com cautela.
“Mesmo com percentuais de atendimento a aumentar, isso não tem significado uma redução na mesma proporção do número absoluto das crianças e jovens fora da escola, uma vez que a população em idade escolar no Brasil está diminuindo como decorrência da mudança do perfil etário”, explicou.
Outro problema referido diz respeito à percentagem dos jovens que conseguem concluir os estudos na idade correta.
A taxa de conclusão escolar com idade certa dos alunos com até 16 anos alcançou 76% em 2015. Já entre os jovens com até aos 19 anos chegou somente a 58,5%.
“Nesse mesmo período, a taxa de jovens que não estudam nem trabalham aumentou até à faixa dos 16 anos (de 19% para 22,2%) e também entre os que não concluíram a escola até aos 19 anos (24,5% para 35,5%)”, frisou-se no levantamento.
A organização também verificou que, de 2005 até 2015, a expansão do acesso escolar na faixa de 4 a 17 anos aconteceu principalmente entre a população parda e negra, de rendimento mais baixo e que mora no campo.
Apesar do avanço dos indicadores entre a população brasileira mais vulnerável, a qualidade do ensino oferecido ainda é avaliada no estudo como pior para os alunos que mais precisam.
“Só alcançaremos um patamar de sociedade mais justa, mais segura e mais desenvolvida com educação de qualidade para todos”, concluiu a presidente executiva da Todos Pela Educação, Priscila Cruz, referindo que esta área deve ser o “pilar central do desenvolvimento do país”.
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