“Os estrangeiros que mais visitam a nossa casa são brasileiros, porque o Eça é tão conhecido no Brasil como Camões ou Pessoa. Os brasileiros vêm com muito apetite de conhecerem o espólio do Eça”, contou Sandra Melo, a técnica que hoje guiou a ministra da Cultura numa visita à casa-museu.
Mas, anotou, não só brasileiros passam pela Casa de Tormes. Também norte-americanos e nórdicos são visitas habituais, por serem pessoas que também apreciam o turismo de natureza, bem evidente nas paisagens do rio Douro e nas montanhas e vinhedos que rodeiam a casa.
De todos os pontos de Portugal, sinalizou, chegam visitantes, apesar de o seu número ainda não ter recuperado totalmente no período pós-covid-19.
A poucos dias da trasladação dos restos mortais do escritor, do cemitério de Santa Cruz do Douro, a algumas centenas de metros da Casa e Tormes, para o Panteão Nacional, a equipa que gere o espaço tem vivido momentos intensos, devido aos preparativos protocolares.
“São dias trabalhosos, mas que nos dão muito prazer, porque efetivamente é uma casa com muito simbolismo. Quem trabalha cá consegue transmitir isso mesmo”, acentuou, sorrindo e apontando para o pátio da casa preenchido pela multidão de queirosianos que se apressava para a cerimónia de evocação do escritor.
Visitar a casa-museu é entrar no mundo queirosiano, de 1892, quando o autor visitou pela primeira vez a quinta rural, chegado do ‘glamour’ de Paris, onde era diplomata.
“O que as pessoas encontram aqui é o espólio do escritor. Sem sombra de dúvida, o Eça está presente na casa, na sua mobília, nos seus quadros, nos seus livros, nas peças que lhe pertenceram”, afirmou.
“Na primeira sala, temos a mesa do arroz de favas, que é uma peça emblemática da casa, que é descrita tal e qual na Cidade e as Serras. Se eu passar para a biblioteca, tenho a secretária do escritor, que é, sem dúvida para nós, a peça mais simbólica, porque o Eça gostava de escrever em pé e toda a agente gosta de ver a sua secretária, imaginá-lo ali, em pé, a escrever”, contou.
A visita pode prosseguir por outros recantos da casa com tetos alto de madeira e abundantes peças de decoração em prata, até chegar a uma sala onde, além dos livros de Eça e uma fotografia do rei D. Carlos com dedicatória ao escritor, encontra-se uma cabaia de mandarim.
“Se eu passar para a sala de estar, tenho logo aí os objetos pessoais, como os célebres monóculos, que são o símbolo de toda a chiqueza. Se eu for à sala de jantar, tenho a mobília da sala de jantar da casa de Paris”, acrescentou.
A ministra visitou hoje a casa, onde deixou uma dedicatória no livro de honra, sobre a secretária alta trazida de Paris, usada por Eça na escrita de alguns dos seus livros.
“A casa tem um ambiente próprio, muito acolhedor, na relação também com a paisagem”, comentou à Lusa, destacando o mobiliário outrora de Eça, por conter “características muito interessantes”.
“É uma casa-museu com grande qualidade. Estou convencida que será um polo cultural, também com mais valias em termos de turismo cultural”, concluiu Dalila Rodrigues.
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